quinta-feira, abril 19, 2007

AS CEREJEIRAS JÁ FLORIRAM, AMOR...

(Foto: Pedro Martins)


Podia dizer-te que me fazes falta.
Podia contar-te como as minhas mãos me contam dos seus gestos suspensos, porque tu não estás para acabar o verso.
Podia falar-te da vontade de desenhar reticências de chuva, com os silêncios que me escorrem dos olhos.
Podia dançar-te, num murmúrio de voz que te envolvesse em aromas de pomares, de tulipas e de afectos.
Podia voltar a dizer-te que me fazes falta no beijo há tanto tempo adiado, que trouxesse tudo com ele... o mar, as ondas, as gaivotas, as conchas, a vontade de ficar, o teu perfume que ainda guardo, invencível, na memória da minha pele.

...

Mas eu calo-me. Espero que tu saibas. Espero que tu sintas tudo o que te poderia dizer em cada momento que deixo por aí, livre, entregue ao som do vento, que insisto em oferecer diluído em abraços. Como toque de areia fina. Como toque de acaso encantado.

Espero que tu saibas. Espero que tu sintas.

É que as cerejeiras já floriram, amor...


Ni*




2 comentários:

ferreira disse...

Muito bom o poema...já o imprimi...penso que a Ni poderia recitar este belo momentus de amor-:)

Cleopatra disse...

è por isto que este Blog é um dos meus preferidos.

Porque me leio em tudo o que escreves!