Aqui, nesta paz líquida e salgada, Navega uma memória adocicada de tudo o que fui... E um mar, quase calado, dança despudorado sobre mim. ... E no horizonte, as estrelas marinhas
contam-me o odor quente da liberdade. E os meus dedos, diluídos na areia,
Nas praias que são o rosto branco das amadas mortas
deixarei que o teu nome se perca repetido.
Mas espera-me:
Pois por mais longos que sejam os caminhos
Eu regresso.
*
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'MAR', Antologia, ed. CAMINHO
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Sinto a falta dele... de andar/dançar descalça à sua beira, bem cedo, naquelas horas em que as conchas e as pedras brancas vêm espreitar o rendilhado da espuma salgada e as gentes ainda dormem...
Com o leitor de mp3 minúsculo a acompanhar-me... contaria ao mar uma e outra vez a minha história, também salgada, que ele já conhece de muitas marés.
Mas ouve-me sempre. E responde-me. É então que a maré fica cheia... e as conchas se recolhem. E as pedras brancas me espelham...
«THE STORY» - BRANDI CARLILE
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All of these lines across my face Tell you the story of who I am So many stories of where I've been And how I got to where I am But these stories don't mean anything When you've got no one to tell them to It's true... I was made for you
I climbed across the mountain tops Swam all across the ocean blue I crossed all the lines and I broke all the rules And baby I broke them all for you Oh because even when I was flat broke You made me feel like a million bucks You do and I was made for you
You see the smile that's on my mouth It's hiding the words that don't come out And all of my friends who think that I'm blessed They don't know my head is a mess No, they don't know who I really am And they don't know what I've been through like you do And I was made for you...
All of these lines across my face Tell you the story of who I am So many stories of where I've been And how I got to where I am Oh but these stories don't mean anything When you've got no one to tell them to It's true...I was made for you Oh yeah and its true, that I was made for you
O regresso a casa é, neste nosso modo de sentir tão português, misto de alegria e aliviar da saudade... pela luz única desta Lisboa que se reencontra e nos abraça.
Mas... como definir esta ânsia de ir... de voltar a partir... para continuar a tatuar o nosso olhar de horizontes tão diferentes?
... Alma marinheira, esta minha...
Ficam apenas breves imagens: as primeiras do primeiro dia... em Burgos e as últimas do último dia... em Ávila.
Muitas cidades, muitas emoções, muitas vidas vividas em dias...
E uma nota relevante nesta viagem: Tininha e Gualter (surgem de costas na última foto de Ávila), um casal de beleza rara... alegria contagiante, espelho de tantos sonhos que já tive (ou ainda tenho?)... AMIGOS da belíssima ilha de São Miguel, que continuarão a viagem da vida no meu coração... porque quem cá entra... já não sai! :)
(Fotos reduzidas a 15%)
~*~
E de Montserrat... trago uma mensagem:
"You Are Loved (Don't Give Up)"
Don't give up It's just the weight of the world When your heart's heavy I... I will lift it for you
Don't give up Because you want to be heard If silence keeps you I... I will break it for you
Everybody wants to be understood Well I can hear you Everybody wants to be loved Don't give up Because you are loved
Don't give up It's just the hurt that you hide When you're lost inside I... I will be there to find you
Don't give up Because you want to burn bright If darkness blinds you I... I will shine to guide you
Everybody wants to be understood Well I can hear you Everybody wants to be loved Don't give up Because you are loved
You are loved Don't give up It's just the weight of the world Don't give up Every one needs to be heard You are loved
Após um ano profissionalmente pleno de desafios e com resultados muito, muito bons! (Um aplauso merecido aos meus alunos!)
Após a concretização de uma vontade já antiga: a reorganização total da minha casa... com destaque para o local onde estou agora a teclar... e onde tenho os meus livros.
Após a chegada, hoje, dos meus filhos... que estiveram 15 dias noutra casa (mas sempre perto, tão perto... porque o afecto nos enlaça num continuum...)
...
Vamos partir... de FÉRIAS... por muitos e variados lugares, intercalando sagrado e profano, oração/reflexão e diversão... por Espanha... França...
Para todos os amigos que nos querem bem... deixamos um abraço e um até já...
Acordei com esta canção na mente e o sol a entrar pelas janelas do quarto...
Acordei com a languidez das felinas que ignoram o tempo. Gostei.
E senti que nada mais tenho a contar ao mundo. Ele é que tem muito a mostrar-me, a murmurar-me... e eu vou senti-lo, ouvi-lo.
Embrulhei em papel de seda o que permaneceu da minha inocência, e vou largar no primeiro porto as marcas das minhas lágrimas, tanto tempo mascaradas de sorrisos de alento usurpado. Talvez, como nas histórias de fadas, as lágrimas se transformem em pérolas e regressem até mim, por um trilho iluminado por almas que muito amaram, só para que eu sorria de novo.
Tu, podes lançar na maresia o desenho do meu ventre tantas vezes, por ti, sugado. Tu, podes oferecer a uma bela sereia o frémito dos teus dedos, ainda impregnados do calor da minha língua.
E eu, eu com o meu traje de peregrina pagã, errando nesta neblina de ilha por reencontrar, tentarei pressentir para que lado é o mar...
(Trabalho meu realizado no Paint Shop Pro. Clicar para ampliar)
Murmura-me mistérios e magias e ternuras e segredos que me despertem a pele em melodias silenciosas e se entranhem no ventre e nas veias como o sal e água e mar.
Sussurra-me o vento branco da lua cheia, líquida, alada e macia comovente e solitária porque o seu amante é o dia.
...
Infinita maldição, a sua.
Como a de tantos amantes desencontrados
que sabem que o outro é o único lugar, sagrado e interdito.
'Quando se fala n'O Carteiro de Pablo Neruda deveria tropeçar-se nas palavras, ditas ou escritas. Deveria gaguejar-se ou semear reticências palavra sim, palavra não. (...) Com a convicção de que estamos a descobrir o mundo, ou simplesmente a redescobri-lo. Dizer cada palavra como se fosse a primeira, de tal forma que nos soubesse tão bem que a guardaríamos apenas para as ocasiões especiais.'
~*~
Na foto, os personagens: Mario Ruoppolo (Massimo Troisi), Pablo Neruda (Philippe Noiret) e Beatrice Russo (Maria Grazia Cucinotta).
«A poesia não é de quem a escreve, mas de quem precisa dela»
Mario Ruoppolo
~*~
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
(...)
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
(...)
Pablo Neruda
................................................nunca me tirem a poesia!