«... revelou-me que não existe uma diferença irremediável entre o mundo real e o mundo dos sonhos, e que este, ao interferir no plano em que pensamos que tudo está certo e definido para sempre, dá-nos de súbito uma chave que poderemos utilizar para abrir a porta desse quarto onde nos disseram que não entrássemos...
(...) sei que se ririam de mim se lhes dissesse (...) desse anjo(...) rasgando o azul com a linha do fogo que as suas asas desenharam. Sei, desde essa altura, que há uma correspondência entre os mundos superior e inferior, desencadeada por mecanismos que não conseguimos dominar, através dos quais se estabelecem diálogos que vão para lá do tempo e da matéria. Podemos ouvir essas vozes se estivermos atentos às sombras; mas não se trata de nenhuma manifestação do outro mundo, nem de crenças irracionais. Pelo contrário, falamos com esses seres que nos habitam, e nos quais sobrevive um passado de que não temos uma percepção directa, mas que faz parte de nós, formando uma parte daquilo que designamos como ser (...)
(...)
... e a única forma de combater a angústia (...) é reduzirmo-nos ao presente, numa espécie de carpe diem em que temos de aproveitar cada instante como se fosse eterno, e ao mesmo tempo viver cada eternidade que o instante nos oferece(...)»
(...)
Nuno Júdice, in 'O anjo da tempestade'
...
... porque há imagens, sons, palavras, que juntos respondem a todas as perguntas...
Ni*