terça-feira, setembro 27, 2011

MEMÓRIAS EM VOO LIVRE...


Memórias em voo livre
(...)



Pousei as palavras com sabor a outrora.
Olho-as...
Conheço-lhes o travo nesta meia memória a meio da vida.
Doces e salgadas, encontro e partida.
Sigo o gesto que a minha mão traça entre o que passou e o agora...

E sem o tempo ver,
roubo o instante entre o nunca e o sempre.
Onde não são necessárias despedidas, escolher...
Onde posso apenas, livremente, SER.
Precioso fio, guardado na luz do espelho,
que voou da caixa da memória.
Entre tu e eu, ainda e persistente,
a interminável história.

Conto os passos ao ritmo deste coração descompassado,
que me pede para não escolher o que já está escolhido...
Nas memórias reflectido, de um presente passado.
...

Os pássaros, pousados,
suspensos na eternidade,
têm a calma da saudade...

Não te esqueci, é verdade!

E se comigo sempre amanheces, diz-me...
De que outros mundos me conheces?

...
Ni*



domingo, setembro 25, 2011

E TU PUXASTE-ME PARA OS TEUS OLHOS...

Post resgatado ao tempo


Hoje, com palavras límpidas,
ondulei as linhas de luz
na água da tua vida.


E tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos.


Amanhã, com palavras renovadas,
quero murmurar-te, como quem sorri,
que em ti encontrei o segredo,
a chave de cristal
dos sons que aqui escrevo.


E eu, pegando-te no espanto
de um amor não esperado,
convido-te a ficares em mim.


Ni Castro

AMO-TE, LISBOA! (V)

Uma Luz única, derramada num céu azul profundo. Convite aos jogos de sedução entre sol e sombra, aos silêncios e danças... portais abertos para quem traz o rio no olhar e não tem medo de dizer que ama amar esta cidade.

Lisboa, esta tarde...
*
- Uma amostra das 141 fotos que tirei... :) -
*
(Para ver as fotos no tamanho original basta clicar sobre elas...)



























 

CONTIGO, EU ARRISCO! (100º post)

Post antigo. Estava em rascunho e eu publiquei-o. Pensei que iria surgir 'lá atrás'... não aqui. :(
E agora... ou o retiro ou fica aqui... fora do tempo onde pertence... aiaiaiaiaiai...







Não somos responsáveis apenas pelo que fazemos,
mas também pelo que deixamos de fazer.
*
(Molière, dramaturgo francês)

~*~
Olá!!!

Este é o 100º Post. Sem pudores... apresento-me:

Esta sou eu...
Uma mistura de menina-mulher com alma de pássaro...
Mantenho a eterna ingenuidade de ACREDITAR nas pessoas... e de amar a VIDA!
Sou professora de Literatura Portuguesa e Francesa... nasci e vivo em Lisboa... cidade encantada, onde os voos das gaivotas nos levam (e lavam) o olhar... até onde o nosso coração alcança, ou seja, para além do além, do além... do além...
Escrevo um pouco. A verdade é que preciso de escrever como de respirar (ainda que só a mim interesse o meu respirar.)
Adoro abraços...
o afecto tão especial que escorre para a alma.
Queria oferecer-vos um excerto ínfimo de algo que escrevi ao longo de muito tempo, uma narrativa que tem o título deste post: «Contigo, eu arrisco!».
(Também já existe em ebook.)

Abraçoooooo dançado.

Nina
*~*
(...)

Quando se olharam pela primeira vez... ela soube: ele pertencia ao grupo dos que perturbam, dos que não consolam, dos que não enxugam as lágrimas, dos que dão o abraço desafiador.

Não era um porto de abrigo... tinha mais aura de perigo.
E ela gostou.

Eterna meNINA, que não tem medo do escuro... que evita o caminho mais seguro, previsivel.
Sempre preferira rios cantantes a searas calmas e ondulantes.

Optou pelo ousado.
(Ah, meNINA... que segues o Fado!)

O que seria da corda de um piano se ninguém tocasse na tecla?
Nunca conheceriamos o belo som que ela pode produzir.
Só assim se estabelece a nossa música, aquela que nos envolve e desperta para um mundo estranho aos demais.

Se não fosse assim, como poderia o homem provar o beijo ardente que ficou preso no tempo?

Vou, vou contigo... seja onde for.
Quero encontrar a Lei do amor!
É a directriz da vida...
Alma que não a sente, estará perdida!

E olhou-o com o seu olhar arisco... como quem lhe diz:
'Contigo... eu arrisco!'

(...porque as almas afins são feitas para um dia se reencontrarem e tudo arriscarem!...)

Nina

quarta-feira, setembro 07, 2011

PRECE

PRECE (Post antigo recuperado...)



E na Tua presença, que me preenche os vazios,
na água sagrada, corrente na veia dos rios,
eu elevo uma única prece...

Que eu saiba sempre encontrar o trilho até Ti...
Sete Caminhos cruzados,
sete elementos com o TODO partilhados.
Que não retorne ao que já percorri.
Que os meus passos sejam de VIDA.
Que a minha busca ousada seja permitida.

Dá-me a sabedoria de intuir,
da energia deixar fluir.
Luz- SOL- Fogo e Brilho - LUA - Resplendor,
anfitriões da alegria fértil e jamais da dor.
Duas faces do TODO...
UNO
ao encontro predispostos
e nunca opostos.

Conduz o meu pensamento,
como criança confiante,
até ao coração da verdade com que me dou.
EU SOU.

E nos momentos de solidão...
mostra-me que nem sempre um sim
é melhor do que um não.
Que o círculo sagrado se complete e me fortaleça.
Que a força do Universo,
que eu canto em cada música de palavra feita verso,
me toque com a leveza do vento,
a profundidade do mar,
a estabilidade da Terra,
a firmeza da rocha.
Que assim aconteça.

Que assim seja, que assim se faça!
Assim já É.

(...)

Nina



REINVENTA O SONHO E FAZ AMANHECER O MEU OLHAR...




Não te negues. Não te negues aos meus dedos, nem te faças improvável ao meu toque. O meu corpo grita pelo sal dos teus contornos e as minhas águas anseiam quebrar-se em ondas sobre ti. O sopro do sussurrar o teu nome atrai os pássaros da saudade pelo que serás para o meu peito. A tua ausência atravessa a noite em cada hora e mantém-me cativa e desperta, sempre alerta e inteira. Sinto-me a eterna espera, a eterna véspera do teu abraço. E sou tua, mesmo antes de saber-te. Mesmo que nunca me saibas. Sou tua em detalhes mínimos, nas latências, nas grandezas, nos desvarios e indecências. Então, vem... despe o medo, arranca a venda dos olhos da memória. Volta os passos, apaga o tempo. Reinventa o sonho e faz amanhecer o meu olhar.
*
«CARTAS A UM AMOR FUTURO»

sexta-feira, setembro 02, 2011

TEMPESTADES...


(Resposta a um desafio da Cleópatra)

MOTE:
"Quem tem medo de tempestades acaba a rastejar"
...

Há tempestades nos olhos de quem ama.

E bonanças. É de contradições que é feito o amor. E de desafios. E de ousadias. Não de medos!

A minha voz desenha-se, solitária, perante o teu silêncio e os teus olhos que se desviam, na fuga de quem receia a palavra que se adivinha.
Há algo líquido no tempo e eu não o prendo. Saboreio-o. Tem travo a mar e a alecrim, a momentos roubados ao nunca, a rotas de ida com destino ao sempre, ainda que não saiba 'onde' nem 'quando'. Ainda que saiba 'porquê'... ainda que saiba com 'quem' queria...

Há tempestades nos olhos de quem ama.

Feitas de memórias, de saberes, de saudades e de vontades. Feitas de presente, onde tudo acontece. Ou não. E é neste não acontecer que nos perdemos.

Agora que chegaste aos meus olhos não t(r)emas!

Quem tem medo de tempestades acaba a rastejar...


Ni Castro

quinta-feira, setembro 01, 2011

PARA O OUTRO LADO DO ESPELHO...


Esta noite... deixa-me ser o embalo fluido, que te leva de ti para o outro lado do espelho.

Ni

DEIXAS?

O Universo cabe na curva dos meus seios, quando os teus dedos neles desenham sonhos, que sorves com a urgência das tempestades brancas. As velas, que nos banham de odores a jasmim e canela, não ardem até ao fim... porque nós negámos essa palavra. Sorrimo-nos. E sabemos que os ventos levarão para longe as ondas frias das sombras do passado. Deixa-me fazer do teu corpo o livro por escrever... deixas?

Ni*


POR UMA LINHA DE ÁGUA...



«Um mar rodeia o mundo de quem está só» (1),
Dizes-me...
E eu desenho-te,
no centro da palma da tua mão,
uma linha de água.

Olhas-me,
como se essa linha te lembrasse
o quanto de ti trouxe nos meus dedos.

Há caminhos verticais, sabias?
Que se descobrem em passos ancestrais,
porém sempre renovados.

Sim,
esses que te levam ao início da memória...
Onde ecoa o meu nome, que tentaste esquecer.
E o calor da pele do meu peito sobre o teu.

Sim,
esses que te lembram o prazer de negar a solidão.
E o querer de querer mais.
E mais.
Mais!


Podia contar-te o segredo da hora de águas e areias.
Onde o tempo da ausência
se dissolve na cristalização do sal.
E o encontro das aves acontece...

Mas olho-te, em silêncio.
E sorrio.
Num convite para vires até mim
por uma simples linha de água.

Vem descobrir a coragem
De falar de amor, aves, pele, tempo,
sopro, azul, vento...


Agora.


Agora!

Ni*



(1) in poema ‘Solidão’, Nuno Júdice