sábado, março 11, 2006

SECRETAMENTE


(...)
Nina
..::..

Talvez eu te ame outra vez...
Talvez não é não, não é sim...
é ferida ainda viva dentro de mim!
Mas, agora, ao meu coração, não peço uma decisão...
Estou assim!
Prisioneira de mim...
Dorida, por um véu de distância protegida.
Recolhi os pensamentos insanos que eram só por ti.
Virei o rosto ao poema nascente,
olhei a solidão de frente... e segui.
...
Os nossos passos estão em descompasso...
e é ausente o abraço.
Os meus braços, caídos,
perderam o formato do enlaço do teu corpo...
A alegria escorreu de mim...
Como pássaro em terra , porque se esqueceu que tem asas.
Sei, sei que não podia ser ainda o fim...
Sei, sim...
Mas reencontramo-nos no talvez.
Encruzilhada, por memórias de glórias habitada,
onde cabe o tudo e o nada.
...

Timidamente, desenho o teu nome na minha boca...
Sem som, sem o calor da minha voz rouca...
Sem entrega nem fuga...
Sem mão que se estende ou que se esconde...
Sem saber quem e o que somos... e onde...
As palavras envolventes, irrequietas, ágeis, juras secretas...
Rasgaram-se em letras isoladas,
em sentidos sem sentido...
Nada...

Talvez...
Tu me mostres que estou errada!
E talvez eu te ame outra vez pela primeira vez...
...
Até lá, dobro as emoções e guardo-as no olhar.
No fundo do meu mundo, onde ainda nenhum mar chegou.
Secretamente.
E agora vou...
..::..
Ni*

domingo, março 05, 2006

ESTA PALAVRA SAUDADE...


(...)

Nina

Nas palavras há silêncios...
que só o coração consegue ouvir.
Impossível querer-lhe mentir.

Tal como a sombra da Lua,
redonda, como o teu sorriso,
quando para ti dançava, nua.

Murmúrio, pauta de sinfonia inacabada...
que contém os segredos dos olhares que lhe suplicam:
- Dá-me a alegria, do abraço o calor...
o seu perdido sabor...
Tira da minha alma o nada.
- No nada que nos separa agora
cabe lá tudo o que quisermos -

Palavras...
que nos fazem vislumbrar o infinito...
Ir em solto grito.
ter memórias de 'casa'...
Guardei-as no peito várias vidas, sucessivas...
libertei-as quando te encontrei...
E mesmo no silêncio a ti me dei.
em cada palavra uma asa...

E hoje,
sentada entre o espaço da saudade
e o tempo da dor...
há uma que voltou em voo lento, sozinha
para o profundo mar do meu olhar...
Mas veio na forma singular, amor.




Ni*

... Então, inventámos uma só palavra que define com doçura e encanto a improbabilidade universal de dois corpos se voltarem a encontrar com a mesma intensidade da Luz - a Saudade...

Somos apenas almas que gerem com maior ou menor perícia essa saudade doída. A ausência é uma saudade arrefecida, uma saudade que nos faz ter tempo para recuar e olhar para dentro.

Dizem que o tempo cura. É mentira. A Saudade não. Nada a cura. Não sobra tempo para nada, porque todo o tempo do mundo pertence-lhe.

E eu olho esse tempo da Saudade e, devagarinho, encosto-me à memória das coisas boas, como a luz do teu olhar, sempre que alongávamos a vista pelas ondas altas de espuma a rebentarem do outro lado da janela.

E é no tempo que roubo à saudade que digo que gosto de ti. Assim, com toda a simplicidade. Ainda que não me ouças...