Há Outono no vento que pintou de sombra o teu nome, amor. Hoje, amor, poderia festejar contigo o vermelho das folhas vivas e não caídas, das árvores do jardim de todos os amantes de todos os tempos. Mas continuas ausente das minhas mãos, que tantas vezes te inventaram nas madrugadas de pássaros exilados em mim. A tua ausência... neguei-a mais do que três vezes, bebi-a com água e sal, mas a tua sombra, amor, é uma tristeza que obscurece as luas peregrinas que escolheram os meus olhos como casa. Quando não (re)encontramos o eco da nossa memória no sorriso do outro... o que perdemos são os mundos... este, que tanto amo, e todos os outros, reinos de todas as possibilidades.
Mas ainda há tempo, amor! Ainda há bagos de uvas doces e ousadas, em oferta pagã, à espera que trinques todas as palavras de distância e fiques em mim. Ainda há tempo, amor! As romãs esperam que as dispas e te sacies no (seu/meu) ventre doce, até te embriagares de barcos vermelhos e de mar...
...
Ainda há tempo, amor!
Ni* (‘Cartas a um amor futuro’, - volume II -, Do amor e das estações, Outubro 2010)
Mas ainda há tempo, amor! Ainda há bagos de uvas doces e ousadas, em oferta pagã, à espera que trinques todas as palavras de distância e fiques em mim. Ainda há tempo, amor! As romãs esperam que as dispas e te sacies no (seu/meu) ventre doce, até te embriagares de barcos vermelhos e de mar...
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Ainda há tempo, amor!
Ni* (‘Cartas a um amor futuro’, - volume II -, Do amor e das estações, Outubro 2010)