segunda-feira, maio 07, 2012

MESMO DE OLHOS VENDADOS... ENCONTRAR-TE-IA!


(Texto Antigo)
'Mesmo de olhos vendados... encontrar-te-ia.' Ele sorriu. 'Como?'. Ela murmurou palavras quentes de certeza e de marés, a boca dela tocando a dele: 'Pelos sulcos que os cisnes desenhavam no lago do jardim onde desde sempre te aguardei. E na esperança sempre verde, sempre líquida, da tua chegada, tranformei o meu peito num altar votivo da Força... que permitiu que no meio dos momentos mais áridos da minha alma, e das turbações mais frenéticas do meu corpo, eu abraçasse cada alvorada como uma promessa de ver-te chegar e entrar em mim. Eu encontrar-te-ia.' Ele olhou-a, em silêncio. 'Fala comigo', disse ela, num murmúrio quente que se ouviria do outro lado da lua... se os pássaros de rumos ousados por lá passassem. 'Não posso, não quero! Hoje apenas tenho dentro de mim o silêncio de te cobrir toda de beijos...'
Ela encontrá-lo-ia. Mesmo de olhos vendados. Mesmo com tempos trocados, com espaços desfasados. Ela sabia-o. E ele também.
Ni*

domingo, maio 06, 2012

SOU...


SOU
Nina Castro

Sou...

Essência inteira, una, verdadeira...
Nem metade, nem o dobro.
Do fruto e da vida sou o todo!
Vontade de ir além do além e mais além.
Abraçar o tempo-espaço que ainda não é de ninguém.
Sem sal no olhar pelo que já foi.
Sem páginas de vidas coladas...
depois de rasgadas...
O vento curou a ferida do que já não dói.

E refazer as rotas de marés agitadas.
Firme no leme deste meu coração-razão veleiro.
Ressuscitar centelhas divinas naufragadas.
Louvar as palavras-mantras resgatadas.
E beber o segredo do Amor último
com sabor sempre a primeiro.

Sou...

Amor no feminino.
Ora dócil ora felino.
Encaro firmemente o caminho.
E com mãos-cálice de ternura desenho o destino.
Não me vendo.
Não me rendo.
Apenas me dou...
... num momento...
num fragmento...
faço-me eterna, maga-mulher...
Que sabe e escolhe o que e quem quer.

Sem dono, sem senhor, sem dor.
Sou MULHER-AMOR!

Lisboa, 5/7/2006






~***~

Carinho e o meu abraço de vento

Nina