quinta-feira, janeiro 18, 2007

O CAMINHO DA CERTEZA




Tinha aprendido que o caminho da certeza se fazia sem complacência nem quebra de vontade. Só lhe faltava a noção exacta da medida do amor, para lá das roupagens espúrias, das distâncias impostas, da intransponível barreira da reserva cultivada a frio, e por tudo isso ainda tinha pronto o cavalo do medo para fugir sem demora, a entrega total negada como condição de sobrevivência. Ensaiou a fuga uma última vez, a propósito de (quase) nada, mas o caminho desfez-se ante os seus olhos espantados, toldados pelas vagas que lavavam tanto passado inútil. Olhando na noite impossível para um ponto distante algures a norte, ainda viu derreter-se o muro que a isolava de si, dissipado em nuvem e logo tornado verde esmeralda, vértice da lua cheia na maré de todas as madrugadas.


- Fragmentos de mim -
Ni*

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