quinta-feira, abril 09, 2009

AS CEREJEIRAS JÁ FLORIRAM, AMOR...

HOJE...
(Foto: António Pereira)

ONTEM...


(Foto: Pedro Martins)


Podia dizer-te que me fazes falta.
Podia contar-te como as minhas mãos me contam dos seus gestos suspensos, porque tu não estás para acabar o verso.
Podia falar-te da vontade de desenhar reticências de chuva, com os silêncios que me escorrem dos olhos.
Podia dançar-te, num murmúrio de voz que te envolvesse em aromas de pomares, de tulipas e de afectos.
Podia voltar a dizer-te que me fazes falta no beijo há tanto tempo adiado, que trouxesse tudo com ele... o mar, as ondas, as gaivotas, as conchas, a vontade de ficar, o teu perfume que ainda guardo, invencível, na memória da minha pele.

...

Mas eu calo-me. Espero que tu saibas. Espero que tu sintas tudo o que te poderia dizer em cada momento que deixo por aí, livre, entregue ao som do vento, que insisto em oferecer diluído em abraços. Como toque de areia fina. Como toque de acaso encantado.

Espero que tu saibas. Espero que tu sintas.

É que as cerejeiras já floriram, amor...


Ni*

(2007)




2 comentários:

Maria disse...

Lembro-me muito bem deste texto. Que acho já repetiste no ano passado. Por mim podes repetir mais vezes, porque é belo! E o BELO deve ser lido e relido...

Um beijo, Ni.

OUTONO disse...

...podia dizer-te amor, que a ansiedade do fruto do ventre flor, não tardará a calar-se e, a encher-te a boca de doce carinho...como beijo arrancado à sombra da cerejeira da entrada da quinta...

Mas compreendo, o teu murmúrio de olhar enorme e sedento...como brisa de saudade imensa...

Na manhã do amanhã, se deixares ,irei oferecer-te as rosáceas primeiras cerejas do encanto mimo...que farei questão de colocar pessoalmente, como brincos jóias rubis...para condizer com o teu vestido primavera.

Depois, só depois...olharei o teu sorriso cúmplice e acreditarei no solstício pleno da folha do calendário.