sábado, dezembro 06, 2008

EMBALA-ME NOS TEUS OLHOS TERNOS...

O Coutinho Ribeiro, Manel como lhe chamo, do blog O ANÓNIMO, escreveu um texto SOBERBO: «Palavras lavadas pela manhã clara». Próprio de um homem em estado de graça, que faz das palavras magia. Gostei de o voltar a ler assim.

O Manel está a comemorar o 2º aniversário do blog e desafiou os/as amigos/as a escreverem um texto. Talvez seja do frio, ou do cansaço, ou por não me sentir no tal 'estado de graça'... mas o que escrevi, a partir do texto dele... é... um mero postal dos correios face a uma obra em dez volumes. :)

Só que não podia deixar de participar nesta comemoração-homenagem a alguém que estimo muito.


E saiu...'isto':




(O possível pensamento 'dela', em simultâneo com o teu... descrito brilhantemente no teu texto)


EMBALA-ME NOS TEUS OLHOS TERNOS.

Ouço-me, frente a ti, a falar da chuva que marcou encontro bailado com o frio, e a minha voz segue, sem que eu a acompanhe, porque toda eu me aninhei na tua mão, que desenha na minha caminhos cruzados. Não quero falar do tempo. Nem dos anos que nos marcaram, a silêncio-ferro e mágoa-fogo, nem dos ventos que nos atravessaram. Cortantes, lâminas mutiladoras, impiedosas, de quem soubemos proteger a nossa inocência. A minha, guardo-a nos olhos, onde criei refúgios em horizontes líquidos e silêncios sem muros. Não temo que me saibas. Que me leias. Nem entendo o porquê da minha mão, quase adormecida num porto de abrigo (que não prende, apenas me convida a ficar, como quem vela pelo meu sono), se esgueirar, em sucessivos sobressaltos, como criança tímida a quem perguntam o nome. Os meus olhos não têm portas fechadas. São casas habitadas por sonhos guardados com ternura, em arcas sem fechaduras, como quem guardou o calor dos risos da infância ou a cumplicidade dos primeiros passos ao lado de outros passos. Tenho medo que penses que tenho medo. Gostaria que me dissesses que sabes que não quero falar do tempo. E que o meu olhar pode encontrar no teu um Norte e também um Nascente. Gostaria de te segredar que era apenas atrás da esperança de ti que percorri o mundo, mas tu partias sempre na véspera de eu chegar. Agora que estás aqui... embala-me nos teus olhos ternos.

Ni*


2 comentários:

C.M. disse...

Você é uma mulher tão especial tão especial que... nem sei explicar!

Ni disse...

C.M. :

Há palavras que, quando vindas de amigos que estimamos muito... têm o poder de nos acordar sorrisos, memórias de dias de sol. São abraços, as suas palavras, C.M.!
A imagem que tenho de si espelha honestidade, bondade, verdade... e por isso lhe agradeço, comovida, o 'presente' que me deu ao escrever o que escreveu sobre mim.

Não sei se sou uma mulher especial, sabe? Mas sou 'eu', em plena verdade, em tudo o que faço... seja no meu dia profissional, seja como amiga, mãe, filha.

Abraço sentido.