sexta-feira, julho 10, 2009

DESAFIO...

Desafio e mote propostos pela Cleo... aqui:


«Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma vogal,
uma consoante,
quase nada.
Mas faz-me falta.
Só eu sei a falta que me faz.»

*
Eugénio de Andrade
*
Toda a manhã procurei uma sílaba.
Numa rima inacabada, no teu nome ausente,
Numa maré alta e ousada, numa memória persistente,
Num verso semelhante ao do Poeta,
Onde geme o encanto do seu ‘amor ardente’.

Toda a manhã procurei uma sílaba.
Escondida nos meus olhos, lá fundo…. no lago,
Suave como o primeiro canto de uma ave, saudade minha,
Com odor a ti, tatuagem que nos poros trago,
Subtil, como o voo quente de andorinha.

Faz-me falta, a sílaba perdida,
Procurei-a no espelho,
No estilhaço da rima outrora cruzada... e nada.
Não a encontrei.
Nem numa vogal esquecida.
Nem numa interjeição mordida, à despedida.
Talvez ta tenha dado no abraço derradeiro,
Talvez a tenha colocado na tua pele, amor meu,
Ainda e sempre o primeiro.
*
Ni* (hoje... escrito em poucos minutos)

2 comentários:

OUTONO disse...

Quantas vezes...leio-te no meu silêncio e, escondo-me na beleza da tua palavra...sem esboçar uma sílaba ...perdida que fosse no teu comentar.
Hoje, não o faço.
Mais um vez saio de momentUS nos olhos...com saudade de voltar.

Beijinho...longe...muito longe...mas aqui!

Anónimo disse...

Ni*
Gosto tanto do que escreves
João Miguel