quinta-feira, setembro 13, 2007

A MEMÓRIA NÃO SE FECHA




"Dividi a minha vida em partes
Construí muros altos
Paredes grossas
Selei hermeticamente portas
Para me dividir
Separar em partes
Ser só
Lembrar só
Aquilo que queria ser.
Mas a força que habita
Esses quartos
Hermeticamente fechados
Minou paredes
Construiu túneis
Invadiu os outros quartos
Que selei, para proteger.
E murmura-me ao ouvido
Ri do meu esforço inútil
E relembra-me a cada instante
Que a memória não se fecha
Não há forma de a apagar
Não há onde me esconder. "


E.


...


Uma mulher. Escreve assim. Como quem, de repente, desvenda todas as mulheres que colocaram em gavetinhas (ainda que forradas a papel de seda e aromatizadas por flores secas, mas nunca mortas) as memórias da verdade do que são.

...

Esforço inútil, tens razão.

Nós somos a nossa memória.

6 comentários:

Excelsior disse...

...*sorrindo tanto*...

...E aqui, deste lado, sem nada forçar, sem nada criar desarmonias, eu olho para ti, num sentimento de alegria e Paz...

...e os meus olhos são sorrir, deste Sol que rasga o céu azul, sem magoar...

...transmitindo um sentir de serenidade intemporal que faz o coração bater um pouco mais rápido...

...num olhar brilhante de quem Sabe, com uma limpidez ingénua, firme num conhecimento... de uma certa natural "soma algébrica"...

...

Excelsior... sentindo-se um pouco mais Jovem, jovem como no Começo do Mundo... outra vez.*

S*

Gaja Boa 2 disse...

É bem verdade! As memórias são gravadas a ferro e fogo! Não há como nos separar delas....

SILÊNCIO CULPADO disse...

Não podemos fugir de nós próprios do que somos e fomos e do que construímos. E o pior é que há um tempo para tudo e, nós perdemos esse tempo pensando que ele não viria.

Cleopatra disse...

A memória não se fecha
Alastra-me a alma constantemente
Bem queria bater a porta
Voltar o rosto
Seguir em frente
Trancafiar a memória
Fazê-la sofrer de Alzheimer
( Deus tenha piedade de mim!)

Mas a memória não se fecha
E abre-se
Espraia-se
Inunda-me os olhos
Os pensamentos
O acordar da manhã
O ultimo pensamento da noite
A memória ...
É lixada!

Pecadormeconfesso disse...

É como diz a Cleopatra: - A memória é lixada.

A memória é lixada meu amor
É lixado não te ter
Não te ver
Não te saber
É lixado querer e fugir
Não saber o que quwro
O que queres
É lixado amar.

Ni disse...

CLEOPATRA E PECADOR QUE SE CONFESSA:

Há aqui mais pessoas a quem quero responder, MAS... vocês os dois...

Vocês são... lixados!

Cleo... a memória é... igual à essência da pessoa que tem! Ok... eu sei, estou a chamar-te 'lixada' pela 2ª vez e ainda me dizes uma daquelas fortes... suavemente. Sorriso.

Se te consola... concordo com o que escreveste. Sorriso aberto. Como se eu mesma o tivesse escrito... MAS - para que não haja confusões! - não fui.

Muito belo, verdadeiro e forte o modo como escreveste Cleo...

É bom saber-te aí.... e sentir que me entendes.


PECADOR QUE...

«É lixado querer e fugir
Não saber o que quwro»
...

Não tenhas dúvidas!
É mesmo!
Deixa qualquer uma lixada... e quando não é 'qualquer uma', mas 'UMA' especial... ui!

E depois dizes que é lixado não a teres e que é lixado amar!

Ai Deusas da paciência! (onde é que já li isto?)...

Lê melhor o que diz a Cleo, lê.
Sorrio.