sexta-feira, setembro 19, 2008

«A ÁGUA QUE FALA CALOU-SE...»

Post antigo recuperado...

«Ide dizer ao rei (...)
A água que fala calou-se» *
*
* Excerto da resposta do Oráculo de Delphos a Oríbase.
*
:.`*´.:
*
O instante, acreditei-o perfeito,
como semente frutificada...
Murmurei o teu nome,
incensei-o de mim.
Invoquei os sete elementos.
E acreditei,
ingenuaMENTE,
que tu vias a minha alma de ilha,
nos poemas de marear (mar e ar).
...
O teu destino deveria ter bebido a verdade.
E todas as ausências emergentes seriam caladas.
E todos os momentos seriam divinos e livres.
E as águas que falam nunca se calariam.
...
Porém, persistente,
crio em palavras o que nunca chegou a ser...
...
E celebro a tua chegada à minha nudez,
onde jamais vieste.
...
Nina Castro



13 comentários:

Excelsior disse...

"E celebro a tua chegada à minha nudez,
onde jamais vieste."


...

Há... neste teu texto... que li, e reli... um sentir quase... incomodativamente familiar. Como se algo em que se tenta nem sequer pensar... fosse reavivado, pela invocação de sentimentos-memória, em mim, que aqui acaba por ser feita... na forma da constante beleza que qualquer escrito teu, demonstra... seja passado, seja presente... seja futuro.

...

...Seres que despertam... que fazem abrir portas, portões, no outro... fazem baixar pontes levadiças, dando acesso aos seus castelos mais belos e protegidos... para depois, "lá dentro" não entenderem, não compreenderem, não honrarem, o que o outro lhes ofereceu.

E no final, fica apenas a promessa, jamais cumprida, do que nunca chegou ou chegará a ser.

...

Não querendo nunca comparar o que não tem comparação... neste caso, o sentir despertado em cada pessoa que leia estas tuas palavras-cristal...

...incomodativamente familiares, estes sentires. De um passado há muito ido. Traído. E morto...

...Venha o Futuro, em Asas de Liberdade-LUZ... Renego sombras e trevas e dores e mágoas.

*sorriso*

Ni disse...

EXCELSIOR:
...

Não queria que este texto, que recuperei à memória-escrita, tivesse um efeito negativo... que incomodasse. Mas é bom quando algo nos faz parar e relembrar... que... a nossa nudez nunca visitada... a nossa essência, a nossa verdade TOTAL, merece ser descoberta, partilhada... SE, e apenas SE, o outro a souber reconhecer e valorizar.
...
Não é um tema fácil... mas é catarse... logo, necessário. Pelo menos para mim.

Durante muito tempo senti-me a patinha feia... horrenda... porque era assim que me viam e me faziam ver-me. Por dentro e por fora.

Continuo a achar que não faz parte da minha história transmutar-me em cisne, mas já acredito que até as patinhas feias têm um sorriso que pode iluminar o dia das pessoas com quem se cruzam... :)

«Renego sombras e trevas e dores e mágoas.»

Muito belo, este teu propósito!
Muito belo!

Ni*

OUTONO disse...

Acreditar...sem foi a pureza da esperança...

Ainda bem que "a patinha feia", que nunca foste...sorri...porque acredita na luz própria de cada amanhecer.

Esteve escrito um pequeno pedaço da minha imaginária loucura que passo, por vezes, ao papel...que gostaria de dar-te...mas faltou o ponto final da dúvida, e o parágrafo inconcluído, desvaneceu-se na prateleira de intenções, por ora, perdidas.

Beijinho

Blood Tears disse...

"E celebro a tua chegada à minha nudez,
onde jamais vieste."

Hoje fiquei sem palavras.... A beleza e o significado tocaram-me profundamente....

(HUG)

Blood Kisses

C.M. disse...

"celebro a tua chegada à minha nudez, onde jamais vieste."

Hum... será que a minha Amiga está hoje contraditória? Bem, os homens também são exímios nos paradoxos...

Henrique Dória disse...

Estás a escrever cada vez melhor.è lindo este poema.Beijos

Ni disse...

OUTONO, BLOOD TEARS, C.M., HENRIQUE DÓRIA...


Cada um de vocês, com a especificidade da pessoa que são e... que tem um lugar já muito próprio na minha vida, me faz bem...

Cada um mereceria um comentário pessoal que, neste momento, não posso fazer porque deveres inadiáveis me acenam.... e nem o Domingo é dia de descanso para uma prof.ª, infelizmente. Tanta coisa para fazer.... que me sinto mergulhada (sobretudo em burocracia!)... quase afogada...

Gostaria apenas de dizer ao C. M. que a contradição não existe... depende da leitura, meu amigo, que se faz...

Pode-se celebrar sozinha... em festa pela metade, - com dor e sal à mistura - a nudez (não do corpo) que... alguém nunca descobriu... nem imaginou... simplesmente porque sempre nos olhou superficialmente... como adorno...

Ou...

Pode-se celebrar a chegada anunciada de alguém... à tal nudez onde, até ao momento, nem esse alguém... nem ninguém tinha chegado. Seria a festa antecipada, de uma festa ainda maior...

Ou...


Tudo depende do modo de ler e sentir....

Beijinhos para todos.
Bom Domingo!

Ni*

luar perdido disse...

Que cada um tenha sempre a capacidade de "celebrar a chegada de alguém à sua nudez, nunca tocada", sinal que nos abrimos a alguém capaz de o fazer com tudo o que merecemos e temos para dar nessa intocada nudez de alma virgem. Olharmos para trás, para dentro e pormos a nu o que somos, nas mãos de alguém capaz de perceber e "tocar" sem danificar, para além de coragem, para além de "loucura" sã, é prova de humanidade perfeitamente reconhecida. E a "patinha feia" tem sempre, mesmo que o não queiras ver, as belas penas de um cisne e a sua majestade.

Beijo de luar tecido

Ni disse...

luz de LUAR... ENCONTRADA!

Sorriso.

«Que cada um tenha sempre a capacidade de "celebrar a chegada de alguém à sua nudez, nunca tocada" »

E que cada ser experimente na vida essa festa... esse estado de encanto de se saber e sentir compreendido, aceite, amado... como é, por quem é...

Beijinho

erranteUno disse...

olá!!! qual ñ é o meu espanto...quando eu estou a conversa com o meu grande amigo André Pinto (que agora é seu aluno do 11ºano), sobre o novo blogue das turmas de Português, e ele refere que estão lá colocadas algumas montagens minhas... e eu por curiosidade (hum) fui espreitar este novo blogue...e fiquei super super cheio de saudades suas!!! Porque...aquelas montagens foram feitas com o maior carinho para as aulas de Português (as quais eu estou cheio de saudades)... enfim... eu só queria agradecer o facto por ter sido a pessoa que nestes últimos anos mais tem acreditado em mim, e nos meus colegas... e dizer que eu estou bastante orgulhoso de todo o trabalho que pude realizar consigo... (um dia destes tenho passar ai para lhe dar um abraço)....

e deixo um bjao grande aqui do lanção...alguém que a adora assim muito, acima de tudo...!!!

Ni disse...

erranteUno... LANÇÃO:

(Dá um abracinho bem apertado, dá!)
...

Respondi-te no teu blog... no post que fez estes olhos de mar transbordarem e mudarem de cor.... (cor da felicidade.... neste momento!).

És um dos seres mais bonitos que me foi permitido conhecer ao longo de 3 anos... Uno com a Beleza Universal... mas único... porque és um dos «meus meninos» que me faz acreditar na minha profissão!E que... TUDO VALE A PENA... (Pessoa tinha razão... a tua alma não é prquena!)

(Tirei várias fotos no dia da entrega do prémio... mas de ti... poucas tenho, porque a emoção me fez pousar a máquina... e as mãos uniam-se para te aplaudir, de pé. Como mereces! Já aplaudi oradores, actores, artistas,... mas o aplauso para ti... foi o mais verdadeiro, inteiro, total. ÉS UM VENCEDOR por mérito próprio! )

Abraço bem apertado...

Conceição Castro

Rui Gonçalves disse...

Um texto a que não se fica indiferente. Tanto de belo como de intenso.
Gosto imenso.

Ni disse...

Olá RUI...

Saudades... (como estás?)
...
É um texto intenso... é. Daqueles que nos revelam sem pudores. Mesmo quando o que se diz não rima com feliz...

Abraço.