sexta-feira, julho 04, 2008

POR UMA LINHA DE ÁGUA...




Dizes-me que «um mar rodeia o mundo de quem está só» (1)
E eu desenho-te,
no centro da palma da tua mão,
uma linha de água.

Olhas-me,
como se essa linha te lembrasse
o quanto de ti trouxe nos meus dedos.

Há caminhos verticais, sabias?
Que se descobrem em passos ancestrais,
porém sempre renovados.

Sim,
esses que te levam ao início da memória...
Onde ecoa o meu nome, que tentaste esquecer.
E o calor da pele do meu peito sobre o teu.

Sim,
esses que te lembram o prazer de negar a solidão.
E o querer de querer mais.
E mais.
Mais!


Podia contar-te o segredo da hora de águas e areias.
Onde o tempo da ausência
se dissolve na cristalização do sal.
E o encontro das aves acontece...

Mas olho-te, em silêncio.
E sorrio.
Num convite para vires até mim
por uma simples linha de água.

Vem descobrir a coragem
De falar de amor, aves, pele, tempo,
sopro, azul, vento...


Agora.


Agora!

Ni*



(1) in poema ‘Solidão’, Nuno Júdice

3 comentários:

Excelsior disse...

Digo-te... que o silêncio, não apaga a alegria, de quem recorda o não estar só...

...e eu leio, na palma da minha mão, as palavras de mil santos e encantos, que escreves em letras puras... num mero e singelo fio de prata-luz...

...Olho-te... e a linha não me conta, mas canta... melodias de Oceanos de Luz, e Sinfonias de Estrelas... onde tu, lá, sempre estiveste.

Em mim.

Existem linhas que são espirais... que, contempladas de cima, são como círculos... iguais, vistas do topo... ou debaixo da base...

Linhas que me levam ao começo de uma História... com dois nomes, do qual o teu... ardeu e apagou, ter de esquecer...

...o mel de um beijo sereno... o calor de uma carícia solícita, ansiosa... o roçar de aromas, na pele de um desejo de dois, feito um... numa noite iluminada no veludo negro... que não termina... não terminou nunca!...

...Caminhos que me levam à alegria de negar a desesperança... e de voltar a acreditar, como um moço que descobre... pela primeira vez... o único amor, puro e ilimitado, na descoberta e no criar... da sua vida...

...Caminhos que me levam à Rota dos Amantes, onde nenhum prazer é negado, ou proibido... em que a nossa vontade, é a do outro, num espelho que reflecte a imagem de um espelho, na imagem do espelho... até ao infinito... que é o meu querer-te.

Também te podia, contar mistérios e contos, de civilizações e mundos... de infinitos voos, percorridos no abraço de estrelas por nascer... onde sonhei, tanta vez, contigo... numa solidão que nunca deixou de ser...

...mas olho, para ti... e medo algum, sinto, no sorriso que jorra da minha alma...

...no anseio por contigo falar de tudo... para que nesse tudo onde sem ti estive... para sempre, possas ter estado... e estar...

...Em Azul e Violeta, Cosmos e Natureza... Mar e Amar...

...Num Agora...

...que será SEMPRE...


...

(...Ai... Ai... bendito Nuno Júdice.. que faz em ti ecoar na Alma, um paralelo tão ascendente...)

...Uma vez disseste-me... "não pares de escrever..."

...Agora sou eu que te digo...

...não pares...

...nunca...

...e deixa voar, alto, livre, a tua escrita-magia... :)

...

Cleopatra disse...

"Vem descobrir a coragem
De falar de amor, aves, pele, tempo,
sopro, azul, vento...

Agora. "

Pecadormeconfesso disse...

"Vem descobrir a coragem
De falar de amor, aves, pele, tempo,
sopro, azul, vento...
"

para isso é preciso ter coragem:-)