terça-feira, junho 17, 2008

O SILÊNCIO DO SAL NA ÁGUA..

Dizes-me que escutas o silêncio das palavras.
Eu sorrio-te.
E na mão que te estendo, poderia colocar letras,
todas maiúsculas,
para que as ouvisses dançar quando lambo a tua pele
e dela faço o meu poema.


Mas sorrio-te, apenas. E olho-te.
Não com um olhar fugidio de quem receia
o encanto de ser encantada...
Mas com olhos de água.


E agora, diz-me...
escutas o silêncio do sal na água?


Ouve.
Ouve bem.
O que te diz? Conta-me... sem pressa.

...

O início de um mundo é apenas o sopro de um nome, sabias?
Murmura o meu...
Ou geme-o.
Ou grita-o.


Pousa o silêncio das palavras sobre a água...
E ousa ser o canto da minha primeira madrugada.

...

Ni*

18 comentários:

Maria disse...

Ficaria aqui a reler-te o resto da noite...
Que bonito, Ni!
Abraço-te, pelo prazer que me destes com as tuas palavras.
Sorrio-te, pelo silêncio das palavras pousado sobre a água
e pelo canto da tua primeira madrugada...

Um Beijo, Ni

Excelsior disse...

...

Sal... Água... Criação...

Existe um Silêncio, que conheço bem. Um Silêncio repleto de melodias de Luz e Calor, singrando o negro do Infinito de Eons, num Abraço de Vida...

...que alcança, num toque, esferas onde existe o líquido primordial de Sal e Água... num despertar de Criação...

...como quem deixa, lá, um beijo com aroma a Palavra....

...na Alvorada da Criação.

E um Mundo, pode também ser um Sentimento... composição de muitos sentimentos... de Alegria... de Nascimento... de Renascimento... de Partilha... de Alívio...de Cura.

...

Existem outros silêncios, em que se recorda... se murmura... se ousa... se geme... se suplica... um nome...

...numa oferenda...

...

Que o único sal na água do teu olhar, tenha o gosto da descoberta... da esperança... com sabor a acreditar, com o saber da Verdade...

...como quem experimenta tudo, tudo... pela primeira vez.

...

...Que o único sal na água do teu olhar, tenha apenas gosto ao júbilo do Sal da Vida...

Ni disse...

DOCE MARIA:

Abraço terno...

Obrigada pelo teu carinho!
Escrevi este post ontem, já bem tarde, após a leitura de um poema de Nuno Júdice que se inicia por 'Ouço o silêncio das palavras', inserido no livro que - para mim - é um dos mais belos de sempre na poesia portuguesa: 'Pedro Lembrando Inês'.
...

E tive vontade de escrever... e escrever... e escrever...

Sorriso.

Agradeço-te, mais uma vez, me por entenderes tão bem... nas palavras... e nos silêncios.

Ni disse...

EXCELSIOR:

O sal na água dos meus olhos lembra-me todas as aprendizagens que fiz... através da descoberta de que a vida, as pessoas... são tantas vezes idealizadas... e onde esse erro nos conduz: à ilusão!

É bom, MUITO BOM... abraçar a VERDADE.

Só ela faz sentido.

Obrigada pelas tuas palavras....

Excelsior disse...

Ni...

Não são só palavras.

E só a Verdade em mim faz sentido. Nem sequer apenas aquela que mostramos aos outros...

....não.

Até (ou principalmente!) perante nós mesmos. Estarmos em Verdade, perante nós mesmos.

Aprendi essa lição, bem demais.

Nunca a desaprenderei.

Porque pelo menos... na consciência do meu Ser... gosto de estar em Paz.

Mesmo quando não entendo... nada... do mundo que me rodeia.

...

Desculpa este desabafo.

Eu é que te agradeço... por partilhares aqui a tua Magia/Luz.

...Durante instantes... foi bom sorrir. Com aquela emoção que faz o coração bater um pouco mais rápido, a cada linha, sabes...?

Tens esse Dom.

Delfim Peixoto disse...

Doce canto... ler-te e sentir nesse sentir o canto da Poesia
jnhs

Ni disse...

EXCELSIOR:

«Até (ou principalmente!) perante nós mesmos. Estarmos em Verdade, perante nós mesmos.»
...

Essa é a raíz da Verdade... do Bem. É em nós mesmos que se inicia o percurso...

O que não existe em nós... como o poderemos reconhecer nos outros?
...

Não sinto que tenha algum dom...
Sei apenas que há momentos em que escrever é a minha respiração natural...

Ni disse...

DELFIM:

O canto da poesia... ouvi-lo... é como fechar os olhos e ler o voo das aves. É abrir as mãos e sustentar o inconformismo do vento. Só alguns o conseguem.
Tu... és um deles... porque a Poesia está em ti...

:)

andorinha disse...

Finalmente consegui arranjar um tempinho para passar por aqui.
E deparo-me logo com este belíssimo poema.
Tal como disse a Maria, ficaria aqui a reler-te o resto da noite.
O teu espaço atrai e encanta.

Gosto muito do que escreves e da forma como o fazes, sempre to disse. Virei mais vezes, sem dúvida.

Um beijo.

P.S. Agradeço-te de novo as palavras que deixaste no meu ninho. Não imaginas como me sensibilizaram...

Excelsior disse...

"Não sinto que tenha algum dom...
Sei apenas que há momentos em que escrever é a minha respiração natural..."


:)

E respirar... não é um dom?

...Quando se sente a aragem de um Sol radiante... que nos embala o sorriso, num olhar de criança, que descobrimos, afinal, ainda ter...

...

...Sobre Verdade... já falámos. ;)

É fundamental demais. Incontornável, demais. Enraizada, demais, num Verde abrangente, que emoldura as Flores de Jardins de Sentimentos...

...que certas Magias... (re)encontros... acarinham e fazem crescer...

*sorriso*

(...Tu tens... o Dom, sim. Que são... infinitos dons. Num só.)

...

(...E já agora... Aparte a tristeza... que partes da letra invocam... deixa-me que te diga... esta música... que aqui tens... no seu crescendo... eleva... o pulsar, "cá dentro"... para o Alto...)

(...talvez porque em mim... por vezes, também sou melancolia... mas sem nunca negar o abraço do Futuro, convidativo...)

:)

Henrique Dória disse...

Belo poema nina.

Ni disse...

Que posso eu dizer?

Delicio-me a ler-te! Linda palavras que se enfeitam para ser lidas por meros desconhecidos... Que têm gosto em observar sorrisos ondulados de emoção, lágrimas que como tu dizes são "sal na água"... Que o ruído nos embala, sereno e calmo...

Maravilhoso como sempre!

Já agora, passa no Borboleta... Acho que vais gostar ;)

Um beijinho doce no teu coração**

C.M. disse...

Ao ler a sua Poesia, acompanhada da música por si escolhida, entrei noutra dimensão, deixei de sentir os pés a tocar o chão...

Cleopatra disse...

xiuuuuu ...........silêncio....

OUTONO disse...

Incrível...consegues jogar silêncio, com sons tão bonitos.

Brilhante.

Anónimo disse...

Bonito poema. Desculpa a ousadia, mas sem qualquer falta de respeito, fiquei a pensar: como preferirá ela ouvir o seu nome? Murmurado, gemido ou gritado?
Claro que eu ~tenho uma ideia, mas não vou divulgá-la, claro. Um beijo amigo.

Roberto Ivens disse...

Lindo. E tocante.

C.M. disse...

Ai Ni, que gostaria de ler, em forma de livro, a sua bela poesia.

Folhear um livro seu, sentir na ponta dos dedos a letra impressa da sua paixão, do seu amor, da sua melancolia, que também é a minha.... ainda hoje chorei frente ao teclado a escevinhar o "Mais azul, por favor"... as memórias dos nossos amores mais puros são tão avassaladoras....
Que digo eu aqui? Maço-a com estas coisas...às vezes dá-me tanta vontade de partir deste Portugal que me abafa, e onde estão as minhas memórias mais dolorosas!...