quarta-feira, maio 28, 2008

FRAGILIDADES...


Saudades de ti, PAI!

...

Creio que nunca serei 'forte' como gostarias... ensinaste-me a não ter medo das trovoadas... a correr firme para os saltos na ginástica... a sorrir quando a emoção dava um nó nas palavras. Ensinaste-me que a verdade é o único caminho... que a chuva é uma benção tal como o sol... e o prazer de mergulhar no mar. Já dei alguns passos atrás, sabes pai... mas a seguir compensei-os com um andar firme e atravessei medos... alguns Adamastores... e outros bem reais. Ensinaste-me a olhar para os olhos das pessoas quando falam connosco... e o valor de dar o melhor de nós, sempre, em tudo o que fazemos.

Agradeço-te, tanto, tudo o que me ensinaste...

Mas hoje, agora... precisava que me ensinasses como voltar a acreditar nas pessoas. Voltar a confiar. E ninguém me vai conseguir ensinar, pai...

Ni*



«Há um grande cansaço na alma do meu coração. Entristece-me quem eu nunca fui, e não sei que espécie de saudades é a lembrança que tenho dele. Caí contra as esperanças e as certezas, com os poentes todos.»

Bernardo Soares (semi-heterónimo de Fernando Pessoa... assim designado por ele mesmo.)

7 comentários:

Cleopatra disse...

Há dias em que também falo (rezo) assim com o meu Pai.
Bj NI.

José Leite disse...

Magnífica a «moça perdida» chamada Mariza!

Pobre Bernardo Soares «filho da alma» de Fernando Pessoa que nunca teve o privilégio de a ouvir!!!

Excelsior disse...

"Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera"


...

Sabes isto que vou dizer, tão melhor que eu...

Há toda uma Magia, na palavra Falada, Escrita, Cantada.

Uma Magia que se lança, qual chuva, qual brisa, qual vagalhume, qual tornado de espiral desgovernada, à Manifestação.

E pode ser poesia... e pode ser beleza. Mas beleza triste, não deixa de ser triste. Tristeza, é veneno para a Alma...

...E a Magia, concretiza em forma, aquilo que é dito em jogos de som e palavras...

...

Confia em ti. Acima de tudo e mais alguma coisa.

Especialmente, quando as forças faltam. Quando o túnel parece interminável, e a Luz, lá ao fundo, tão distante. Tanto, que nem se consegue ter noção real da perspectiva. Do que falta.

Nessas alturas... contempla o que está para trás. Não para te censurares. Lamentares. Sofreres, com o que podia ter sido feito, vivido, por oposição ao que se concretizou... Não...

...olha para trás, para descobrires exemplo. Motivação. Olha e pensa: "Céus, pelo que eu já passei. E sobrevivi. E aprendi. E aqui cheguei. Com riso vivido e transmitido. E o que consegui, ainda assim, fazer. Quem eu consegui tocar, ajudar, despertar. Justificar afecto... Tanta gente..."

...E tudo o que gostavas que estivesse lá atrás... na vida vivida e percorrida... olha para a frente e projecta. E cria as forças, no Presente, para que esse Futuro seja uma realidade.

Já agora.

O teu Pai nunca te deixou. E tem um Orgulho tão grande, no que aprendeste dele. E... também, e tanto... lhe ensinaste. Ainda agora, o fazes.

Honra-o... nunca desvalorizando a sua Filha. Tão Amada, tão bela.

E não... criando realidades que não são as dela. Nem bem algum, lhe farão.

Luz, Verdade e Harmonia, Doce Ser...

AUM

Amaral disse...

Vir aqui não é simplesmente um previlégio.
É uma dádiva que entra pelo corpo dentro e se desfaz na alma que é fonte de sentimentos...
Vir aqui, colher, saborear... é fácil.
Vir aqui e dizer que esteve aqui já é mais difícil, porque se nos encolhe o peito e o coração quer dar e dizer não sabe como!
Vou dizer-te obrigado pelas saudades que me fizeste sentir, vou dizer-te obrigado pelas palavras que um dia me deixaste... e me fizeram regressar!

Maria disse...

Por muito fortes que sejamos, todos temos fragilidades... o difícil é assumi-las.

Deixo-te um sorriso
e um abraço forte...

Pecadormeconfesso disse...

Estas fragilidades são muralhas à nossa volta que nos dão força. Bj NI

Rui Gonçalves disse...

Partir é morrer um pouco, às vezes pouco para quem partiu, às vezes de todo para quem ficou.
As saudades, essas, ficam como flores numa campa que nunca chega a fechar-se totalmente, à espera em vão, que o tempo volte ao ponto de partida.
E tudo o que nos ensinaram e aprendemos, torna-se numa inscrição breve numa lápide da memória.
Partir é de facto, morrer um pouco, às vezes até muito pouco para quem partiu, às vezes de todo para quem ficou.