domingo, janeiro 28, 2018

UMA URGÊNCIA RASANDO O INFINITO...



(Texto Recuperado. Porque gosto...)

Regresso a casa, ao lugar de mim, e escrevo...

Eu, no esconjuro do meu próprio nome, que me pertence, digo-me segredos de anjos, de luares alados no meu ventre, e de mãos... as tuas... decerto... transgredindo a progressão das horas.

Quero proferir todos os nomes como quem desata umas asas. As minhas. Emaranhadas , mas não inertes.

Das minhas mãos escorrem pingos de luz... (Ah... ter rio e mar na espuma de um poema!). Seguro as asas na mão e vou, por este leito de luz e água, os olhos abertos na pureza de quem não teme a verdade, e a rebentação toda no peito. Os meus seios inventam duas margens - onde tu te sentes mais homem - e assim se maravilham os meus passos.

Amo esse instante, a brevíssima pausa antes de murmurar o teu nome guardado em segredo, e mais um dia esculpido na minha memória... letra a letra...

Em dias como este, lentos, lisos, brancos e quentes, pela janela do meu quarto sai um sussurro, um restolhar brando, quase de pássaros, quase de árvores, quase de flor.

Cá dentro, o meu anjo despe as suas asas e um vento-brisa levanta-se nas planuras do meu ventre-canela. A tua voz, o riso manso dos teus olhos, os teus beijos de plumas e de sossego, crescem em mim como mãos.

Não sei de hora mais hora em mim que possa, com o ir e vir das horas e das marés, ser mais mar... mais amor... em refluxos de sal e onda, que o amar-te por sobre o dia e por sobre o tempo do dia, que olhar o infinito do ir e vir aqui, perante as ondas, perante o (a)mar, e descobrir que sobra sempre mais sal de marés, mais sal de marés e de tempo, que se desfaz noutro - e ainda mesmo sentir - como areia da praia toda líquida, ou água de mar toda nuvem, que esconde em si todo o sol e todo o azul de céu infinito.

Não sei de outra coisa, amor, que amar o mar e o amor, que amar-te no mar deste amor, e assim erguer o meu corpo perante o dia... sobre ti.


Ni*


4 comentários:

Excelsior disse...

Há no passo da tua escrita uma Magia Celestial... de aroma a canela e jasmim.

Há um torvelinho de emoções, emanações, intenções e intuições... que cortam e recriam, fragmentos de uma Alma... não mais perdida.

É belo, ver-te de volta ao momentUM presente da tua Escrita... com tons de Sopro de Criação.

...

Dificilmente... muito dificilmente... leria, em quem quer que fosse, uma melodia de palavras que conseguisse, em voo e em luar, levar-me para terras de Amor, como a tua doçura em forma de escrita me leva... num Sonho que vale a pena sonhar. Sem amarguras. Apenas absoluto deleite...

Cirse disse...

Nina,voce tem sempre uma resposta de Amor e Ternura para o meu coraçao!

É prazeroso estar aqui!

Abraços de luz pra ti!

Cirse.

Maria disse...

Voltaste numa maré de vir.
Belo o teu texto de ondas e água e mar e ventre e azul e infinito e ventre e água e vida...
E de amor. Sempre. De amor e de (a)mar...

Beijo-te, Ni.

Ni disse...

EXCELSIOR, CIRSE, MARIA...

Obrigada pela vossa persistência... por continuarem a vir até este recanto 'de mim'... onde me espraio em palavras.

Um abraço embalado para vocês... dos que nos soltam aves no olhar.