segunda-feira, maio 31, 2010

POR UMA LINHA DE ÁGUA...



«Um mar rodeia o mundo de quem está só» (1),
Dizes-me...
E eu desenho-te,
no centro da palma da tua mão,
uma linha de água.

Olhas-me,
como se essa linha te lembrasse
o quanto de ti trouxe nos meus dedos.

Há caminhos verticais, sabias?
Que se descobrem em passos ancestrais,
porém sempre renovados.

Sim,
esses que te levam ao início da memória...
Onde ecoa o meu nome, que tentaste esquecer.
E o calor da pele do meu peito sobre o teu.

Sim,
esses que te lembram o prazer de negar a solidão.
E o querer de querer mais.
E mais.
Mais!


Podia contar-te o segredo da hora de águas e areias.
Onde o tempo da ausência
se dissolve na cristalização do sal.
E o encontro das aves acontece...

Mas olho-te, em silêncio.
E sorrio.
Num convite para vires até mim
por uma simples linha de água.

Vem descobrir a coragem
De falar de amor, aves, pele, tempo,
sopro, azul, vento...


Agora.


Agora!

Ni*



(1) in poema ‘Solidão’, Nuno Júdice


3 comentários:

CÉLIO M.A.SOARES disse...

Estar só...já por si significa um mar...uma imensidão de "sós"...
É nesses momentos, que a vida procura um rumo...uma linha...ainda que de água.
A água tantas vezes apaga os caminhos da vida...na face. sim, porque a vida tem caminhos e a face regista-os no decorrer do tempo, em linhas...de água.
Cara Ni, deve ser bom descobrir coragem para falar de amor, aves, pele, tempo, sopro, azul, vento... e do agora, mais que nunca !
Belo poema este...Parabéns Ni...mais um...

Cirse disse...

Nina,no silêncio dessas águas estão alinhadas nossas manhas...noites!Nosso destino...nosso céu azul...

Abraços de luz!

Cirse.

Anónimo disse...

Também gostei muito Ni*