sábado, agosto 22, 2009

UMA URGÊNCIA RASANDO O INFINITO...


Regresso a casa, ao lugar de mim, e escrevo...
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Esta minha casa renovada, de onde os olhos se evadem. Eu, no esconjuro do meu próprio nome, que me pertence, digo-me segredos de anjos, de luares alados no meu ventre e de mãos... as tuas... decerto... transgredindo a progressão das horas.
*
Quero proferir todos os nomes como quem desata umas asas. As minhas. Emaranhadas , mas não inertes.
Seguro as asas na mão e vou, por este leito de luz e água, os olhos abertos na pureza de quem não teme a verdade, e a rebentação toda no peito. Os meus seios inventam duas margens - as minhas mãos escorrem pingos de luz - ter rio e mar na clarividência de um poema... assim se maravilham os meus passos.
*
Amo esse instante, a brevíssima pausa antes de murmurar o teu nome guardado em segredo, e mais um dia arrancado palavra a palavra...
*
Em dias como este, lentos, lisos, brancos e quentes, pela janela do meu quarto sai um sussurro, um restolhar brando, quase de pássaros, quase de árvores, quase de flor. Cá dentro, o meu anjo despe as suas asas e um vento-brisa levanta-se nas planuras do meu ventre-canela. A tua voz, o riso manso dos teus olhos, os teus beijos de plumas e de sossego, crescem em mim como mãos.
*
Não sei de hora mais hora em mim que possa, com o ir e vir das horas e das marés, ser mais mar... mais amor... em refluxos de sal e onda, que o amar-te por sobre o dia e por sobre o tempo do dia, que olhar o infinito do ir e vir aqui, perante as ondas, perante o mar, e descobrir que sobra sempre mais sal de marés, mais sal de marés e de tempo, que se desfaz noutra e ainda mesma coisa como areia da praia toda líquida, ou água de mar toda verde, que esconde em si todo o sol e todo o azul de céu infinito.
*
Não sei de outra coisa, amor, que amar o mar, e o amor amar-te no mar deste amor, e assim erguer o meu corpo perante o dia... sobre ti.
*
Ni*

8 comentários:

Maria disse...

É tão bom ler-te...

Um abraço de maresia, Ni*

Henrique Dória disse...

A verdade e a bondade são a beleza. E há aqui tanta beleza!

Ni disse...

Maria... Henrique...

Obrigada, amigos queridos.
Saudades... tantas... de todos... desta nossa comunicação, partilha na verdade de quem se mostra sem máscaras.

Maria... é tão bom sentir-te pertinho...

Henrique... a beleza está nos olhos de quem a 'descortina' (gosto desta palavra... encerra o abrir de cortinas de névoas... para atingir a nitidez da verdade.)

A beleza, a verdade, a bondade... estão em ti... ou nunca as reconhecerias!

Sorriso e abraço para os dois.

E mais uma vez... obrigada!

Ni*

Anónimo disse...

Que bom e que bem, estás de volta a esta tua casa.
Não sabia de tí.
Quantas vezes aquí estive e só encontrava receita do bolo.
Ficava angustiado não tinha nenhuma informação.
Um terno beijo
João Miguel

Aurora disse...

É bom saber-te de volta...poder perder-me na imensidão das tuas palavras que voam como brisa pelo horizonte que nos separa.

Beijinhos de cá para lá

Catarina Alves disse...

Que a sublime Luz esteja renovada, para que possa brilhar com toda a sua força.

Saudades. Muitas.

Abraço,
Catarina Alves

Anónimo disse...

Ni...Hoje e um dia especial pra mim...Suas palavras doces contribuiram para enfeita-lo ainda mais...

Se me permitir...voltarei...

Abraços de luz...

Cirse.

Alberto Campos disse...

Bom regreso á casa de onde nunca partiste: os nossos olhos, o nosso pensar...