quinta-feira, novembro 29, 2007

SE PARTIRES, NÃO ME ABRACES...



Se partires, não me abraces – a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.

Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces –

o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém – longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas.

Maria do Rosário Pedreira


7 comentários:

*Um Momento* disse...

Ni...
Fiquei como que sem palavras com este poema...
A sério... não sei mesmo o que dizer...
Só sei que te abraço... pois não vou partir...
E num abraço com muito sentir
Beijo grande
Mi*
(*)

Cleopatra disse...

Deixo-te ..........uma lágrima.

Ni disse...

MI:

Ficar sem palavras face a um poema é bom... denota que todas as palavras estão nele contidas... :)

Um abraço, doce menina...


CLEOPATRA:

...

Maria disse...

Saio devagarinho...........

Abraço.

Rui Gonçalves disse...

Ah como ADORO este texto.
Quantos abraços me falharam em partidas que não desejei.
Dói.

Cleopatra disse...

Ni... vou ter de levar este poema para o meu blog. Deixas-me?

Ni disse...

MARIA, RUI, CLEOPATRA:

A vossa sensibilidade diz-me tanto, mas tanto...

Sim, Cleo... leva-o.

Beijos