quinta-feira, maio 11, 2023

PROCURO ALGUÉM... QUE ME PROCURA TAMBÉM.

Texto antiguinho, mas sempre atual.

(Procuro alguém

Que me procura também

E um dia... eu sei que ele vem!)


E quando chegares, acenderei estrelas

entre a tua pele e a minha.

Derramarei nos teus lábios toda a ternura

que te pertence.

Libertarei as pombas azuis

do lago das tuas memórias e voarei, eu, em ti.

Traçarei com a minha língua o mapa húmido

da rota dos navegantes que ousam

e não temem as marés vivas.

E direi às tuas asas que voar é possível

e que o caminho é ascendente,

em espiral, em murmúrios salgados e confluentes.


Se tu me deixares...

(Procuro alguém

Que me procura também

E um dia... eu sei que ele vem!)


Ni*

quarta-feira, agosto 31, 2022

...no respirar da noite.

 ...pousar, no respirar da noite,

as asas das palavras nunca ditas.

E esperar,

sem pressa,

o canto das pontes da madrugada.


...poeMAR a MAResia...


 ...

 ...foi por ti,

que bebi o sal da Terra,

vesti a memória do vento

e vi luas, com os olhos fechados.


Por ti,

abri as janelas do meu nome,

contei sete segredos futuros

e ao mar devolvi os campos de trigo…

E sorri.

20.7.2021


quarta-feira, fevereiro 14, 2018

ENTRE O SONHO E A ALMA...

Há uma linha ténue, percorrida por veleiros delineados na Luz, onde a alma deixa recados tecidos nas asas das gaivotas.
...e o teu nome está em todos eles.
...
Mas eu quero mais!
Muito mais!
...




domingo, fevereiro 11, 2018

MADRUGADA


...

E, de repente, todas as aves suspendem o voo. São leves, os teus dedos, quando se espraiam na seda e na espuma do meu ventre. Os meus olhos, calados, aceitam a fluidez de palavras retidas nos teus. Como se reconhecessem, de um momento etéreo, onde o tempo não é tripartido, todos os silêncios que necessitas de me contar. E a madrugada, acetinadamente, trocou o vazio pelo saber, como quem anuncia ao dia nascente que os amantes não têm horas, porque todas lhes pertencem...
...
Ni*

sexta-feira, fevereiro 09, 2018

IMPÉRIO DE HORAS DESIGUAIS

(1/1/2018)


...
... mas a vida só se transforma num deserto que nos grita silêncios quando perdemos o Norte. Quando nos falta alento e companhia com quem se tenha vontade de inventar uma nova - e irrepetível- carta de marear. Para que, aproveitando o seu perpétuo movimento, seja a partir de que Norte for, aprendamos a viver dançando com ela...
... transformando cada minuto num império de horas desiguais.
...
Ni*... a falar com os sentimentos e sem argumentos.

terça-feira, fevereiro 06, 2018

GOSTO DE GOSTAR DEVAGARINHO...



Não consigo começar a escrever. Um toque do meu telemóvel anuncia a entrada da mensagem escrita... outro avisa-me da chegada de mais um 'mail'...
As respostas tornam-se necessárias e querem-se rápidas, imediatas. E tenho pena. Pena, por ter de acelerar a minha capacidade de resposta na ponta dos dedos. Pena, por não poder saborear devagar cada letra, como as desenhadas a canela num chocolate quente.
Esta comunicação é, tantas vezes, o sorriso esperado no dia, mas tantas vezes evita que as pessoas se olhem e se saboreiem com o olhar, se deliciem no prazer dos gestos, na forma a informar a forma. Os dedos levam-nos a conta-gotas até ao outro, um conta-gotas rápido de mais.
Para mim... uma amizade, uma relação, constrói-se 'à moda antiga', cumprindo etapas, marcando encontros, pensando a dois. Ou tocando. Na mão do outro. Há alguma coisa que se compare aos olhos do outro? Por isso gosto tanto dos olhos. Gosto da luz líquida dos olhos.
...
E gosto de gostar devagarinho.
Gosto que me vejam abrir a porta com os cabelos primeiro, depois com os olhos e no fim com o meu sorriso habitual.
E de ser por mim que esperam. Pelo sabor da minha pele, pela luz macia da minha voz, pelos gestos do meu olhar... que não cabem nas palavras.

domingo, fevereiro 04, 2018

PALAVRA DE MULHER


«Vivemos pela esperança»
*
Num programa televisivo sobre 'A mulher', confesso que fui tocada por testemunhos inacreditáveis vindos de todos os cantos do mundo. Ouvi mulheres a suplicarem não por mais poder, riqueza ou tempo de antena, mas por instrução. Estas mulheres queriam aprender. Queriam que as filhas fossem à escola. Queriam ter acesso aos meios de informação e de comunicação modernos.
Mulheres que falavam dos rapazes que percorriam meia hora de caminho até à escola mais próxima e das raparigas que sufocavam em casa, despidas de sonhos, incumbidas de serem mães antes do tempo.
Brincar é palavra que não existe. Ali trata-se de crescer à pressa, para render mais e melhor.
Uma mulher dizia, de olhos brilhantes:
«As mulheres são metade do mundo e mães de outra metade»
São o futuro do homem e quem não perceber isto perde o futuro.