segunda-feira, maio 31, 2010

POR UMA LINHA DE ÁGUA...



«Um mar rodeia o mundo de quem está só» (1),
Dizes-me...
E eu desenho-te,
no centro da palma da tua mão,
uma linha de água.

Olhas-me,
como se essa linha te lembrasse
o quanto de ti trouxe nos meus dedos.

Há caminhos verticais, sabias?
Que se descobrem em passos ancestrais,
porém sempre renovados.

Sim,
esses que te levam ao início da memória...
Onde ecoa o meu nome, que tentaste esquecer.
E o calor da pele do meu peito sobre o teu.

Sim,
esses que te lembram o prazer de negar a solidão.
E o querer de querer mais.
E mais.
Mais!


Podia contar-te o segredo da hora de águas e areias.
Onde o tempo da ausência
se dissolve na cristalização do sal.
E o encontro das aves acontece...

Mas olho-te, em silêncio.
E sorrio.
Num convite para vires até mim
por uma simples linha de água.

Vem descobrir a coragem
De falar de amor, aves, pele, tempo,
sopro, azul, vento...


Agora.


Agora!

Ni*



(1) in poema ‘Solidão’, Nuno Júdice


terça-feira, maio 18, 2010

ÉS O POEMA. E ESTÁS EM MIM...



Em mim, moras tu. Moras na sede da minha pele, e nela te sacias, repousas e renasces. E em cada segundo... a cumplicidade do olhar, onde nos deitamos, num prazer absoluto. Sem vergonhas nem vertigens. Em mim, moras tu. Segredam-me ventos os teus segredos. Agita-se a tua alma nos meus poros. Desassossega-me o teu corpo, que me sabe as margens transbordantes, as fases crescentes e as marés vivas. Olho a página em branco e não escrevo. Hoje não te escrevo uma carta, amor. És o poema. E estás em mim.



E o resto, o resto não importa.

Sorrio...
Ni*


segunda-feira, maio 10, 2010

E TU PUXASTE-ME PARA OS TEUS OLHOS...


Hoje, com palavras límpidas,
ondulei as linhas de luz
na água da tua vida.

E tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos.

Amanhã, com palavras renovadas,
quero murmurar-te, como quem sorri,
que em ti encontrei o segredo,
a chave de cristal
dos sons que aqui escrevo.

E eu, pegando-te no espanto
de um amor não esperado,
convido-te a ficares em mim.

Ni*