quarta-feira, novembro 24, 2010

AZUL-MAIS-QUE-PERFEITO

Post recuperado...
(Porque hoje preciso de acreditar no que escrevi neste post...)

Não sermos felizes não pressupõe que sejamos infelizes.
As pessoas que, não sendo felizes, não são infelizes, são como... peregrinos... alquimistas, talvez. Pessoas que emigram num sonho e se orientam como se lessem os astros. E de cada vez que mergulham no céu, nos olhos de quem olham, descobrem que um ninho de estrelas morou, sempre, ao pé de si.
E que as flores, afinal, têm a sua cor preferida e o aroma a azul-mais-que-perfeito...
...
E (apesar de tudo) eu sorrio.

Ni*... cansada, tão cansada...


terça-feira, novembro 23, 2010

NÃO TE NEGUES...

Outro post recuperado ao tempo.
Já o vi por aí, plagiado... adaptado ao masculino... à variante do português do Brasil. Não importa. Não sou dona das palavras que escrevo... pois minhas, são apenas as emoções.



Não te negues. Não te negues aos meus dedos, nem te faças improvável ao meu toque. O meu corpo grita pelo sal dos teus contornos e as minhas águas anseiam quebrar-se em ondas sobre ti. O sopro do sussurrar o teu nome atrai os pássaros da saudade pelo que serás para o meu peito. A tua ausência atravessa a noite em cada hora e mantém-me cativa e desperta, sempre alerta e inteira. Sinto-me a eterna espera, a eterna véspera do teu abraço. E sou tua, mesmo antes de saber-te. Mesmo que nunca me saibas. Sou tua em detalhes mínimos, nas latências, nas grandezas, nos desvarios e indecências. Então, vem... despe o medo, arranca a venda dos olhos da memória. Volta os passos, apaga o tempo. Reinventa o sonho e faz amanhecer o meu olhar.
*
«CARTAS A UM AMOR FUTURO» *
* Um projecto de projecto.

EM GEMIDOS DE PORTAS BRANCAS E TRANSLÚCIDAS CORTINAS...

(Post recuperado, roubado ao tempo...)

(Fotos de MARTYNAS MILKEVICIUS)


E tudo é tão real como as brumas que abraçam este meu rio de memórias. Como o teu corpo quente, aproximando-se de mim... devagar. Como o teu olhar distraído, que me despe na rua sem pudor. Como a força dos teus braços que me atiram para a cama. Como a tua voz rouca que me confessa fantasias gozadas no meu corpo e na minha alma. Como a forma doce como me despes à pressa. Como os nomes com que me nomeias, à bruta. Como as horas longas e brancas em que nos gozamos. Em silêncio, em gemidos de portas fechadas e translúcidas cortinas. Ao espelho, no brilho dos olhares negros e intensos. Nas gargalhadas da cumplicidade do jogo.
E o que existe nos momentos em que falamos o silêncio e a música dos corpos é a única verdade.
...
Até ao momento exacto em que a verdade se torna poema.
Por ti, meu amor. Por ti.

Ni*, in 'Cartas a um amor futuro'

quinta-feira, novembro 18, 2010

«TODA A MANHÃ PROCUREI UMA SÍLABA»


«Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma vogal,
uma consoante,
quase nada.
Mas faz-me falta.
Só eu sei a falta que me faz.»
*
Eugénio de Andrade


Toda a manhã procurei uma sílaba.
Numa rima inacabada, no teu nome ausente,
Numa maré alta e ousada, numa memória persistente,
Num verso semelhante ao do Poeta,
Onde geme o encanto do seu ‘amor ardente’.

Toda a manhã procurei uma sílaba.
Escondida nos meus olhos, lá fundo…. no lago,
Suave como o primeiro canto de uma ave, saudade minha,
Com odor a ti, tatuagem que nos poros trago,
Subtil, como o voo quente de andorinha.

Faz-me falta, a sílaba perdida,
Procurei-a no espelho,
No estilhaço da rima outrora cruzada... e nada.
*
Não a encontrei.
Nem numa vogal esquecida.
Nem numa interjeição mordida, à despedida.
*
Talvez a tenha dado no abraço derradeiro,
Talvez a tenha colocado na tua pele, amor meu,
Ainda e sempre o primeiro.
*
Ni*