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Há semanas que os elogios ao arroz doce, feitos por colegas e alunos, me deixavam na boca aquela vontade de voltar aos sabores dos Natais da infância. Frios, em Lamego, com a lareira feiticeira que enfeitava os cabelos de tonalidades avermelhadas. E de voltar às conversas com a minha avó Rosinha. Quentes, aconchegantes. Doces. Como o arroz.
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- Um dia vais ser tu a fazer o arroz doce no Natal, Ni. E vais lembrar-te do segredo.
- Segredo, vó? (olhos abertos de encanto, como são os olhos quando temos 5 anos...)
- Sabes porque é que o arroz é doce, Ni?
- Tu meteste açúcar! (Decepção na voz...)
(Olhos azuis brilhantes, sorriso tão meigo... o teu, vó Rosinha.)
- Sim, algum açúcar... mas só é doce porque coloquei também o ingrediente secreto: AMOR. É com ele que se adoça a vida, o coração, as palavras, tudo o que fazemos.
- Vó... então tudo pode ser doce?
- Tudo, Ni.
- Até quando o coração dói? Até o mar? Até quando volto para Lisboa e os teus olhos mudam de cor, ficam cinzentos, e tu mordes o lábio? Até a sopa de espinafres, vó?
- Tudo, Ni.
- A sopa não...
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Hoje... provei o arroz doce que tanto elogiavam. Tímido. Triste. Numa embalagem de plástico, triste também. A seguir ao jantar... recuperei um pouco da minha infância: fiz arroz... doce. Como a avó Rosinha fazia... num 'ponto' semelhante ao leite creme. E como a D. Rosa, vizinha dos meus pais, na minha infância, me ensinou...
Garanto-vos... sabe a AMOR. Aos amigos que conhecem o meu refúgio sagrado (a minha casa)... apareçam! Há no ar um odor a limão e canela... e o meu sorriso habitual para vos abraçar. Porque a vida é feita de momentos assim... e é bonita!
E doce...
Ni*