segunda-feira, fevereiro 22, 2010

O TEMPERO DA MINHA BOCA...




Enlaço a cor da noite com o brilho do meu cabelo, e lá fora, o vento, cúmplice e atrevido, sopra-me versos soltos, livres, sem pudor, sobre um amor ateado...

Nos meus dedos, uma palavra leve, breve, acende-me a espiral do meu olhar, mergulhado em mel e sombras. Talvez saudades...

E o tempero da minha boca intensifica-se quando a digo.

Ainda e sempre o teu nome...

Só tu conheces o meu grito desamarrado e naufragado em mar alto. E os meus sonhos, ecos dos meus ombros nus, que anseiam pelo farol da ilha onde dorme a tua voz.

E nesta tempestade de escolhas, que me esculpe desertos numa dança de areia, sinto sede das tuas mãos de poeta, amor...


Ni*

domingo, fevereiro 14, 2010

MUITAS LUAS VOLVIDAS...

(Post antigo recuperado para o agora)



Alguém, num poema, perguntou pelos amantes imortais...

E a lua, cúmplice, protectora das memórias dos nossos poros despertos, vendou a noite, povoando-a do espanto das gaivotas em terra.

E eu... deixo fluir do meu olhar a lágrima derradeira, breve lago de cristais adocicados, abraçada a esta aragem quase quente de muitas luas volvidas...

Neste regresso a um sentir que foi luz, trovão, gemido, cereja amadurecida... a tua ausência desenha-me o vazio das tuas mãos.

Mas o teu nome ficou no sabor da minha boca, amor.

Ni, in «Cartas a um Amor Futuro»


sábado, fevereiro 13, 2010

O LIVRO FICOU...


(Post recuperado)


«Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio - nem sequer o princípio. Porque no amor os princípios, os meios, os fins, são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida.»


Inês Pedrosa , in «Fazes-me Falta»


~*~


Inês Pedrosa... cruzámo-nos na Universidade Nova. Escreve bem. Muito bem. Por vezes (mais do que as que confessamos) inquieta-nos com as palavras que têm desenho de ferida onde... não um, mas inúmeros dedos se passeiam... como pelas teclas... do PC ou do piano.


Um dia, já no tempo em que deixei de registar o tempo, alguém disse que desgostos de amor têm algo de sonoridade pimba. E eu ri... e entoei as primeiras estrofes duma dessas canções, um sucesso de um cantor que nasceu precisamente no mesmo dia e ano em que eu decidi nascer (memória inconveniente, a minha, que absorve e retém tudo com a facilidade com que se bebe água fresca... quando a sede é lume aceso... e a vida se assemelha a um terreno árido). Depois... parei de rir. Talvez porque eu tenha na boca o sabor de um desgosto não de amor, mas de desamor. É diferente. É. Desamor apaga-nos, dilui-nos, anula-nos. Amor salva-nos. Mesmo quando nos desgosta. Mesmo quando dói.

...

Na estante... belíssima, ainda com odor a madeira recém chegada cá a casa, onde agora sossegam confortavelmente os livros que me desassossegam, um outro livro de Inês Pedrosa... 'Fica comigo esta noite...'. E eu sorrio. Título de canção...

O Francisco José Viegas, com quem também me cruzei na Universidade Nova, disse sobre o livro (ou sobre Inês?) «Uma tempestade à qual ninguém pode ficar imune ou indiferente»

Fica

~~~~~comigo

~~~~~~~~~~~~~esta

~~~~~~~~~~~~~~~~~~noite...

...

O livro ficou.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

O ANÓNIMO COM NOME...


Escreve bem, este homem!

Somos da 'mesma colheita', nascemos no mesmo ano... talvez seja um dos factores que nos fazem ter tantas referências em espelho... apesar dele ser Norte e eu Sul...


Além de escrever muito bem é um bom amigo. Podem lê-lo aqui:
http://oanonimoanonimo.blogs.sapo.pt

Recomendo!


«Saio, encosto-me no tempo, pego no carro, viro obrigatoriamente à esquerda, depois obrigatoriamente à esquerda. Até aqui, nada que saber. O problema é no cruzamento seguinte, onde há o seguir em frente, o virar à esquerda e o virar à direita. Hesito. Mas não tenho que hesitar, porque, vire para onde virar, o destino será sempre o mesmo: o da minha circunferência que ameaça voltar a tornar-se inexpugnável. Até ao dia em que decidir rebentar de vez com ela. Já esteve mais longe. Sinto que vem por aí o tempo de todas as liberdades. E eu vou voar nelas.»


ONDE?

Uma das minhas canções preferidas. O meu filho Filipe ofereceu-me o CD acústico esta semana. Partilho aqui um pouco deste som que me espelha...

(Vontade de voltar a escrever... como se de um caminho se tratasse...)

Ni*