terça-feira, novembro 06, 2012

MESMO DE OLHOS VENDADOS... ENCONTRAR-TE-IA...



'Mesmo de olhos vendados... encontrar-te-ia.' Ele sorriu. 'Como?'. Ela murmurou palavras quentes de certeza e de marés, a boca dela quase tocando a dele: 'Pelos sulcos que os cisnes desenhavam no lago onde desde sempre te aguardei. E na esperança sempre verde, sempre líquida, da tua chegada, tranformei o meu peito num altar votivo da Força... que permitiu que no meio dos momentos mais áridos da minha alma, e das turbações mais frenéticas do meu corpo, eu abraçasse cada alvorada como uma promessa de ver-te chegar e entrar em mim. Eu encontrar-te-ia.' Ele olhou-a, em silêncio. 'Fala comigo', disse ela, num murmúrio quente que se ouviria do outro lado das luas... se os pássaros de rumos ousados por lá passassem. 'Não posso, não quero! Hoje apenas tenho dentro de mim o silêncio de te cobrir toda de flores-beijos...'
Ela encontrá-lo-ia. Mesmo de olhos vendados. Mesmo com tempos trocados, com espaços desfasados. Ela sabia-o. E ele também.
ni.*.na
 
 

SECRETUM

Recuperar as palavras que o tempo ofereceu ao esquecimento...

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SECRETUM

Eu sei... e tu também...
Desvendámos o mistério de nos encontrarmos na eternidade...
No tempo que desafia a descobrir a sua idade...
No espaço... que se confina ao cheiro do nosso abraço.
Fecha os olhos, meu segredo...
Sente a minha carícia... deixa-me ler-te o desejo... sem medo...
Vem comigo ao limiar da liberdade... de quem se revê no olhar da alma do outro...
Almas reencontradas, festejos, risos, lágrimas, excessos... que ainda assim sabem a pouco.
E o teu convite profano e sagrado,
de homem...
Que sabe tocar a essência do meu jardim alado...
Razão e coração, Alma e corpo, toque e odor...
E a tímida palavra que nos envolve... Amor...
Alquimia... Sintonia, Mago da Natura, da noite... e do dia.
Pedra Filosofal...
Cavaleiro do Graal...
Águas descendentes do Céu, misturam-se com as águas ascendentes da Terra.
(Na tua voz descobri o cântico final, mantra de PAZ... ausência da chama da guerra.)
E na tua entrega... homem que anseia nos meus braços tornar-se um menino...
União a duas almas com o divino...
Purificação , libertação das amarras, da queda redenção...
União a um só coração.
E no meu ventre, de ti molhado, salgado...
Água ardente, Ar, Terra e Fogo húmido... confluem para o momentUM sagrado...
O 'UM'... de novo...
há gerações apartado.
E o oculto se desvenda, quinta-essência...
E assim se cumpre a Roda do Tempo...
Alma, espírito, matéria... transmutada em anulação de ausência.
E assim se cala o lamento...
*

NI.*.NA