Para quem, como eu, ama as cerejeiras... para quem, como eu, ama Neruda...
«Quero fazer contigo o que a Primavera faz com as cerejas...»...
Podia dizer-te que me fazes falta.
Podia contar-te como as minhas mãos me contam dos seus gestos suspensos, porque tu não estás para acabar o verso.
Podia falar-te da vontade de desenhar reticências de chuva, com os silêncios que me escorrem dos olhos.
Podia dançar-te, num murmúrio de voz que te envolvesse em aromas de pomares, de tulipas e de afectos.
Podia voltar a dizer-te que me fazes falta no beijo há tanto tempo adiado, que trouxesse tudo com ele... o mar, as ondas, as gaivotas, as conchas, a vontade de ficar, o teu perfume, invencível, na memória da minha pele.
(...)
Mas eu calo-me. Espero que tu saibas. Espero que tu sintas tudo o que te poderia dizer em cada momento que deixo por aí, livre, entregue ao som do vento, que insisto em oferecer diluído em abraços. Como toque de areia fina. Como toque de acaso encantado.
Espero que tu saibas. Espero que tu sintas.
É que as cerejeiras já floriram no meu peito, amor...
Ni, in Cartas a Um Amor Futuro
(s.d.)
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3 comentários:
Vim atrás do cheiro das flores de cerejeira. Ficam tão bem floridas no teu peito...
Um abraço, Ni.
Um toque de natureza que renova o nosso ser...
Beijinhos de cá para aí
Podia dançar-te. Beijos.Saudades
PS novo mail: henriquedoria@sapo.pt
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