Esta palavra AMOR...
Ousadia pronunciá-la, sobretudo quando somos os primeiros a afirmar 'Não sou a pessoa mais indicada para falar dele neste momento...'. Não sou, sei-o. Do amor verdadeiro, despojado de tudo, intenso e brutal, que com beijos se torna profícuo, triunfal, capaz de transportar montanhas e despertar cidades adormecidas.
É através desse amor que se desfazem laços, se voltam páginas e se viram costas. Abrem-se novas esperanças, esfarrapam-se vidas, trocam-se destinos, tecem-se sonhos, linha por linha, numa construção nem sempre pacífica, mas, paciente, demorada, que envolve e progride entre risos e lágrimas emoldurando uma história feita de instantes, feita de imagens tantas e tantas vezes, na essência, desfocadas.
É através desse amor, tão comum e tão singular, que o sol dá lustro ao dia e a lua enfeita o seu espaço no céu, o acordar é mais leve, o adormecer mais sentido, os nossos passos elevam-nos e as palavras rodopiam, loucas, numa eterna ânsia de recomeço.
Subtil quando chega, destemido e poderoso, denuncia-se no olhar inundado de brilho, entrega-se em duelos, fulmina em cada demanda e redime-se no perdão.
Etéreo. Diáfano. Sensível. Numa renda fina que se desfaz ao toque.
Chega, em espelho. Esse amor reflectido baila no ar, numa verdade líquida e transfigurada porque é nosso, só nosso.
Ele repousa em cada segundo que deixamos por aí ao som do ar, ao toque da areia fina, a fluir sem sentido, sem rumo, num acaso encantado. Esse amor tão verdade, dádiva tão profunda e só, que desajeitadamente misturamos com tudo.
Chamam-lhe ternura, chamam-lhe cumplicidade, chamam-lhe amizade, chamam-lhe sexo. Dá por todos esses nomes, camuflado, a nosso gosto lá está, a confundir e a baralhar, a fazer batota e a esgueirar-se, escondendo-se disfarçado.
Mascarado de prazer, mascarado de dor, mascarado de paixão, mascarado de nada e, tanto faz, o amor sabe o que é. A correr veloz, surpreendendo-nos com a pressa ou, em câmara lenta, no reviver continuado de todos os takes.
Não importa o nome, a categoria. Quando chega reconhecemo-lo na alegria, na intimidade, na serenidade, na euforia. Sussurra e grita na nossa alma, dura e perdura nas nossas mãos, profetiza...
O amor impõe-se.
Não há dia nem noite que o apague, não há maré que o arraste, nem rochedo que o arrase. Forte como o vento, vulnerável como as nuvens, simples, tão simples que não há também palavra que o dite e já tantas correram o mundo e já todos doutrinaram sobre ele.
Mas, nenhuma palavra é tão pouco, ou tão tanto, que lhe baste.
A linguagem do amor... esse poder inabalável que transfigura e regenera, ameaça e corrompe, reconcilia e comove...
...e até acreditamos nele. Até acreditamos.
Ni*
2 comentários:
Nina querida,Amor e sempre uma descoberta que no deixa perplexos,sem noçao da sua real importancia, mais absolutamente felizes!!!
Obrigado pela fartura de emoçao presente aqui!
Carinhosamente,
Cirse.
muito bonito este texto. lê-se como água.
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