Se tu me amasses, eu seria a tua pátria. E a tua casa. E as tuas mãos. E a tua língua. E seria, sem pudores, nudez e fogo e memória da semente da raiz de todas as árvores, que se aquietam com o peso branco da neve. Ao tempo, roubaria a pressa e puxar-te-ia para dentro de mim, rio e relâmpago, vulcão e desvario, mel e lava. Se tu me amasses, recomeçaria a viagem contigo e faria dos teus braços os apeadeiros... e do teu corpo a chegada. E ficaria nele, com a firmeza de quem sabe que o vento une em abraços quem se quer. E dos meus dedos escorreriam palavras gemidas e incontidas, que espalharia em ti, como fogo aceso e a partir de então inapagável. Porque se tu me amasses, todos os cansaços seriam verbos conjugados no passado... e a minha boca só sabe a presente...
Não, não quero regressar. Só a ti.
Ni*
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Texto-resposta a um post do Manel Coutinho Ribeiro, no Anónimo... que reproduzo em baixo.
Como escreve bem, este homem! Céus...
Não sei se tu...
Se tu me amasses, eu construiria com as minhas mãos uma cabana com árvores e neve à volta, uma lareira, o calor dos abraços, a nudez, os dedos que correm devagar nessa nudez, os beijos, a língua que te desenha os contornos dos lábios, o tempo que corre devagar, o querer estar ali, o entrar em ti até ao fim, estar lá, estar lá, ficar ali, que o tempo corre devagar, nenhum de nós tem pressa, começar tudo de novo, a fuga, a viagem, as coisas que levamos, frugais, os casacos grossos, a neve, os corpos suados, o vento que se agita e a neve que bate contra as janelas, o fogo aceso, os teus dedos que sugo, um a um, o cansaço, o abraço, o abraço. Esquecidos. O tempo parou ali, naquela cabana com neve à volta. E eu não quero regressar, não sei se tu.
Não sei se tu...
Se tu me amasses, eu construiria com as minhas mãos uma cabana com árvores e neve à volta, uma lareira, o calor dos abraços, a nudez, os dedos que correm devagar nessa nudez, os beijos, a língua que te desenha os contornos dos lábios, o tempo que corre devagar, o querer estar ali, o entrar em ti até ao fim, estar lá, estar lá, ficar ali, que o tempo corre devagar, nenhum de nós tem pressa, começar tudo de novo, a fuga, a viagem, as coisas que levamos, frugais, os casacos grossos, a neve, os corpos suados, o vento que se agita e a neve que bate contra as janelas, o fogo aceso, os teus dedos que sugo, um a um, o cansaço, o abraço, o abraço. Esquecidos. O tempo parou ali, naquela cabana com neve à volta. E eu não quero regressar, não sei se tu.
MCR
6 comentários:
E como eu me lembro tão bem deste post... foi um dos teus posts que me marcou.
Obrigada por o teres trazido aqui, outra vez.
Um abraço de vento, Ni
Muito, muito bonito mesmo, deixo-te um de Eugénio de Andrade...
O Sorriso
Creio que foi o sorriso.
O sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz lá dentro.
Apetecia entrar nele, tirar a roupa, ficar nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Bjis,
Gonçalo
www.notasalapis.blogspot.com
E quando nos amamos mutuamente e o fogo da paixão explode e nos invade, desfazemo-nos em mil partículas de felicidade, e chegamos a casa.....
Qualquer um dos textos é uma verdadeira obra de arte!
Blood Kisses
Só o cansaço...me impede de cometer a "loucura" de me unir a textos tão lindos e sensíveis de azuis cristalinos...para continuar o a viagem...
Obrigado Ni, por trazeres este presente mágico de 2007...ainda o meu Blog "não tinha nascido".
Beijinho.
Neste momento deve estar Manel Coutinho Ribeiro a dizer:
"Como escreve bem, esta mulher! Céus..."
Seria legítimo dizê-lo a avaliar pelo texto de resposta.
E eu digo, digo muitas vezes. Não vale a pena estar sempre a repeti-lo :-)
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