(Post antigo recuperado...)
É perturbador encontrar um amigo íntimo que nos desleixou a amizade. Porque a velha química de novo se põe em marcha e a conversa flui. Como se não passasse do capítulo seguinte num livro feito de muitas noites, bastantes copos, alguns amores e dois homens a céu aberto. Mas não é verdade. O coração abre-se; como ele o caixote das recordações e a caixa dos afectos. Mas a caixinha da confiança cega, no interior de tudo o resto, permanece intransigente. A chave apodreceu, de tanto esperar...
É muito bom o reencontro! Mas se voltarmos a viajar juntos cada um dormirá no seu quarto. E encontrar-nos-emos de manhã, na sala do pequeno-almoço, como os excursionistas japoneses, delicados e munidos das suas máquinas fotográficas. Porque a amizade, quando mostra as garras, furiosa por ter sido desperdiçada, pode revelar-se bem mais severa do que o amor.
(Júlio Machado Vaz)
É muito bom o reencontro! Mas se voltarmos a viajar juntos cada um dormirá no seu quarto. E encontrar-nos-emos de manhã, na sala do pequeno-almoço, como os excursionistas japoneses, delicados e munidos das suas máquinas fotográficas. Porque a amizade, quando mostra as garras, furiosa por ter sido desperdiçada, pode revelar-se bem mais severa do que o amor.
(Júlio Machado Vaz)
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JMV é das pessoas que mais gosto. (ponto-final-parágrafo... porque esta é uma afirmação para uma só linha... da vida!)
...
Às vezes, com esta simplicidade desmedida, toca-nos as emoções orvalhadas, que raramente verbalizamos.
Mas por vezes, Júlio, por vezes... a caixinha da confiança cega implora que a abramos... e, nas nossas mãos vazias, refaz-se a chave...
Por vezes, Júlio, por vezes... a saudade agarra-se à pele como uma medusa. Quando pensamos que já não está lá, o ardor escarlate leva-nos à sua presença. E nós, súbditos da memória, insistimos em não aceitar o que já está escolhido. Ninguém esquece só porque lhe apetece, ou porque deveria ser assim.
Há chaves que nunca apodrecem, nunca se perdem.
São essas que nos seguram à vida. Com um sorriso, como quando se chega a um cruzamento de delícias... onde todos os caminhos vão dar ao abraço do reencontro incondicional.
A Amizade, Júlio, a amizade tem asas especiais, capazes de voar para trás.
Ni*
14 comentários:
Fiquei de lágrimas nos olhos quando li a tua última frase, Ni. Nunca tinha pensado na Amizade assim, mas é verdade, tem "asas especiais, capazes de voar para trás"....
Sorrio-te, agora, porque as asas que temos voam tantas vezes para trás...
Um beijo, Ni
MARIA:
Voam sim, Maria. E ainda bem! Para que orgulhos, mágoas... não vençam algo maior: o afecto... único. E raro, tão raro!
Um abraço muito especial para ti... que tão bem me sentes.
Fiz e refiz este comentário... Apaguei tudo.
De que vale as palavras, se sentimos?
Acabei de ver o comentário... :)
Obrigada Nina...
Abraço apertadinho... (igual aquele que ficou registado em fotografia, e tatuado (e)ternamente em mim. Foi uma honra receber aquele prémio, não pelo prémio em si, mas por quem mo entregou... a mesma pessoa que me incentivou a escrever, há algum tempo atrás).
Uma pessoa que não esquecerei...
Gosto-te!
Catarina Alves
Ressurei�o?
Beijos, CM.
As vezes Ni isso acontece mas e tao raro!
E tao raro voltar a abrir portas com chaves que ganham ferrugem e que ja escondemos nem sabemos onde no fundo da nossa alma.
As vezes o reencontro ate pode ser perfeito mas a chave nao encaixa mais do mesmo jeito e cada um segue o seu caminho... Outras o tempo nao passa, parece que ate foi ontem a despedida e tudo esquecemos e perdoamos... Sera que havia alguma coisa a perdoar? Nao ha magoas ou ressentimentos para com certas amizades que sabemos desde o inicio o que sao e o que serao. Temos a chave sempre e ela sera sempre nossa.
Beijos Ni com amizade.
Permito-me dizer que na "amizade" qualquer chave pode apodrecer e as asas vão voando em frente.
Mas na "Amizade" que é tão somente "um tão bem querer", a chave nunca apodrece e o espaço e tempo são independentes entre si, contrariando as leis da física e assim, as asas voam em qualquer sentido.
"Porque a amizade, quando mostra as garras, furiosa por ter sido desperdiçada, pode revelar-se bem mais severa do que o amor."
Sem dúvida.
Bj E permanece.
Oi Ni!
Da outra vez deixei um comentário no teu post que não aceitaste. Não sei o que teria para o fazeres mas respeito...
Subscrevo as tuas palavras. Por que há amizades que se tornam eternas, por mais desventuras e dores! Existem momentos, memórias, saudades que são fortes demais, que não deixam a "chave da caixinha" desaparecer ou apodrecer, por mais tempo que passe.
Há valores que não se deixam ir e serem esquecidos!
Um beijinho terno e espero que tudo esteja melhor, Ni*
...*sorriso*...
...Ni, eu nada mais direi sobre a qualidade da melodia de palavras que teces no céu do teu espaço...
...tão bom, não teres deixado o manto da desesperança roubar-te daquilo que é uma das peças mestre da tua Essência... a escrita.
...e com uma ode... ao voltar a acreditar, ao Eterno e Sagrado da Amizade...
...Quando pensamos que já não está lá, o ardor escarlate leva-nos à sua presença. E nós, súbditos da memória, insistimos em não aceitar o que já está escolhido. Ninguém esquece só porque lhe apetece, ou porque deveria ser assim...
...um de tantos exemplos possíveis de retirar, de um Todo tão imenso... imenso como o mar sereno, de uma noite de luar... na areia de uma praia... contemplando... sentindo.
...
(...Sinto que não respondo a tal texto, como to mereceria... Quiçá o peso de um dia algo complicado, se esteja a fazer sentir, e a tolher a expressão de um sentir que... esse sim... nunca desaparece, nunca esmorece.)
...
(Obrigado pelo Sorriso em forma de Olhar de Prosa, Ni...)
... :)
Ni
Constato o seu regresso com prazer, porque nos faz falta.
Espero que também recuperada fisicamente, porque psicologicamente assim me pareceu. E tem toda a razão: o voltar atrás, engolir mágoas e orgulhos, vale sempre a pena se acreditarmos que é aí que somos felizes.
Parabéns pelo seu regresso de alma inteira.
Um abraço
Nunca apodrecerá a chave da porta grande do teu coração. Beijos
A caixinha da confiança ... uma vez aberta ... nunca mais é cega!
Um beijo
João Miguel
"A amizade tem asas especiais, capazes de voar para trás..."
Tão lindo!!!
É mesmo assim. A amizade verdeira jamais pode extinguir-se num horizonte onde sempre habitou o afecto, a partilha, a compreensão...
É bom regressar, voltar atrás... para de novo encetar um voo acompanhado!
É tão triste não ter um AMIGO!
Um abraço de asas murmuradas*
Fanny
Ah Ni...se tu soubesses o quão verdade é o que afirmas...
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