Olhou-se olhos nos olhos. Se os espelhos não mentem... os seus olhos gritavam-lhe para voltar a sorrir, de tão cansados que estão das rotas de sal. Ousou. Olhou-se de novo nos olhos, que a empurraram para fora do caminho habitual da fuga, e a resgataram, obrigando-a a ver-se. E ela viu a ausência de uns dedos que afagaram os seus cabelos. Estava lá a forma. A forma do afago dele, feita memória. No seu cabelo longo e escuro como a noite dos amantes, que se espraiam pelas horas, adiando a madrugada. Foi então que, suave e lentamente, mergulhou os seus dedos compridos e finos no cabelo molhado, que gotejava sobre a sua nudez. E sentiu a sua força, como asas que de repente descobrem que voar não se desaprende. Os olhos, pediam-lhe agora 'Sê Feliz!'. E ela sorriu para si mesma, como não o fazia há muito, muito tempo.
Ni*
6 comentários:
Nunca se desaprende
de voar,
de amar...
Tão bonito, Ni
Abraço-te
Os olhos... a alma... o querer... o saber...
...tudo isso... todo um Duo-Uno...
...todo um Cosmos de Clemência, de Amor, de Libertação (já) real, e incontornável...
...lhe pede, lhe oferece, lhe garante, ser esse o seu Direito...
...num apelo, em forma de palavra jovial, imenso... que apenas e só diz...
..."Sê feliz!"...
...
(Porque tudo o resto, não o será. Mesmo. E essa... é a prerrogativa... dele.)
.
Cleopatra
Voltei só para dizer que me tocou muito esta passagem:
"E ela viu a ausência de uns dedos que afagaram os seus cabelos. Estava lá a forma. A forma do afago dele,... ."
Gosto imenso deste texto. Muito mesmo.
É lindo teu pensar e o teu sentir. Como me identifico com o que escreves... Adorei que me fizesses pensar em mim...
Obg.
Bj
Enviar um comentário