Ela gostaria de lhe dizer que no mais fundo da sua alma sabia que ele um dia viria.
Não como o príncipe encantado dos contos de fadas, a tropel num corcel de crina desgrenhada, branca ou negra, robusto como os cavalos árabes, ou um Lusitano puro,... mas com aquele ar de solidão arrancada do passado. Um passado tão distante e marcado a ferro e fogo na alma do presente.
Ela gostaria de lhe dizer que por ele quebrara regras, sonhara infinitos e inventara momentos mágicos apenas ao som de uma Voz.
Ela gostaria de lhe contar que as cerejas se tinham tornado o fruto proibido e não a maçã... e que não seriam envenenadas, porque demasiado perfeitas para que qualquer elemento as modificasse, tal como o sentimento dela por ele.
Ela gostaria de lhe segredar que era por entre os papéis de carta que guardava nos seus segredos, que passava os dedos, os medos, e sonhava com a mão dele na dela... e sentia o tacto, o olfacto, o olhar, a voz, o paladar da pele dele salgada e amarga...
Gostaria de lhe dizer que um dia, ainda que muito longínquo, ela sabia que ele havia de vir, não como D. Sebastião surgido do nevoeiro, mas como o homem da sua vida, rompendo a bruma do frio da distância e ficando, sereno e calado, com as mãos dele descansadas nas dela..
Silenciosas e quentes, roubando o gelo das suas mãos.
Ela gostaria...
ACCB
_____________..o0o.._____________
Ela gostaria de lhe dizer que sabia que um dia ele chegaria, qual brisa amena em noites de Verão. Mas apesar de não lho dizer, sabia que ele adivinharia os seus murmúrios na voz do vento, zéfiro amoroso das constelações que percorre galáxias de sonho e inunda as estrelas de vida e sorrisos.
Ela gostaria de lhe dizer que nascem auroras nos olhos da noite quando a reminiscência a abraça no silêncio das horas e lhe revela segredos das estrelas... que o orvalho das madrugadas traz o paladar das suas lágrimas perdidas no suspiro fortuito do seu coração. E o aroma da Lua? Como explicar-lhe que Ela veste o perfume inquieto dos pensamentos dele, incensos balsâmicos de saudade a impregnar-se nos sentidos da sua alma?
Ela gostaria tanto de lhe dizer que acaricia as letras que escorregam dos seus dedos de vento e se encontram no oásis dos astros poisando como plumas no âmago do seu ser... metáforas azuis esvoaçantes que cintilam entre fragrâncias cálidas de jasmim e brisas etéreas, transparentes de desejo e afecto.
Muitas pedras os separam, muitos castelos em ruínas... muitas vidas resguardam tantas recordações adormecidas...Subsiste a esperança, esse alento intrínseco que tudo move. Relatos silenciosos do cosmos ultrapassam a distância dos mundos... grito alucinante no peito que ecoa no mesmo céu e une almas... num laço [e] terno.
Ela sabia que ele viria e quando os seus olhares se tocassem, eles beijariam a memória ancestral da mesma saudade, o deserto das suas existências dissipar-se-ia com as brumas da espera... semeando flores de ternura no jardim dos seus corações... espargindo cânticos de eternidade pelo universo.
Ela gostaria tanto... tanto...
Fanny
_____________.o0o._____________
Ele gostaria de lhe dizer que sabia que um dia ela viria, mas como tudo não passava de intuição, ficou-se pelos seus silêncios, pelo olhar vago e até um sorriso de desdém, tantas vezes de viés, reflectido no espelho gasto da enorme sala onde passava os seus dias de solidão, a solidão que ia descontando no tempo, envergonhada solidão de fidalgo cansado, a barba rala, os olhos afundados, testa enrugada, um leve tremor dos lábios quando as pombas tontas batiam as asas no peitoril da janela e voavam. Para lá. Os relógios quietos de tanta espera eram mudos, encolhidos, assustados pela tempestade que vinha, sentia-se o cheiro dela, viva, as árvores do pomar inquietas, o céu escuro praticamente ausente, e o fildalgo de olhar de viés, temendo a magia das serpentes que não eram a não ser na imaginação delirante, que se estendia para lá dos vidros convenientemente baços pela usura e pela falta dela. Sentou-se ele, à espera dela. Fumava um cigarro. Bebericava um copo de vinho tinto, sabor intermitente, um copo que sugeria um corpo de mulher, prazer adivinhado, palmas das mãos suaves que ele imaginava no corpo dela, se ela viesse e entrasse, ali, o corpo húmido dos cansaços e do que tinha aquietado os relógios e as pombas e tornado os pomares inquietos e as serpentes que obviamente não eram, estilhaços apenas do que ele via através do espelho da sala grande. Estilhaços de um vulto. De um vulto. Um esboço que, pouco-a-pouco se desenhava, coisa estranha, mescla de várias coisas que enrugavam o rosto esculpido do fidalgo que amava as tempestades através dos vidros baços, e só através deles, porque ele nunca saía, não por causa das serpentes - era o abutre e o milhafre e os fantasmas - e ele adormeceu, sentado na velha poltrona e dormia quando ela entrou, mansa, o corpo firme, o olhar doce, odor de pomar inquieto e ele acordou e recolheu-a num abraço e num beijo, sobretudo num beijo, obra que parecia inacabada. Inacabada. Mesmo quando ele desceu dos lábios cheios, do peito, rasto de saliva, os pés. Ela veio.
JM Coutinho Ribeiro
________.o0o.________
Ambos gostariam de dizer ao outro... que sim, sabiam. Para além das lágrimas, para além do vazio, para além da Estrada da Eternidade, eles sabiam... que ambos entrelaçariam suas Linhas de Vida, novamente. Em Espirais de Amor, em florestas e vales, cidades e rios, portos e mares, céus e estrelas, galáxias e infinito. E que o espelho de um, seria o olhar apaixonado, devoto, rendido, do outro. Espelho nunca fragmentado, sempre completo, reflexo puro de toques de veludo em cabelos de meninos, que descobrem pela primeira vez, num riso envergonhado e inocente, o sabor dos lábios daquela pessoa de quem gostam tanto. Pelo outro, mundos e templos erigiram, canções criaram, segredos desvendaram, tudo de si ofertaram, lágrimas beijaram, sussurros abraçaram.
Pelo outro, esqueceram sem esquecer. Olharam de esguelha aquele vulto de nome "esperança", com uma inconfessada ânsia.
Por ela, ele desenhou no Tecido do Cosmos, Teias de Luz, ao recordar-se em pormenor de cada um dos fios de cabelo dela. Por ela, ele acendeu estrelas, invocando da sua memória, o brilho da chama do amor, nos olhos dela. Por ela, ele criou esferas-mãe, aludindo à beleza das contas de um colar de pérolas que outrora, numa noite na aurora do Mundo, ela usara para ele, sobre a pele de seus seios desnudos. E os Sopros de Vida que ele ofertou a cada uma dessas esferas, eram recordações de cada uma das inspirações ofegantes do seu amor concretizado, terno e louco, suave e libertador, inocente e pagão.
Ambos gostariam de dizer ao outro, que nunca deixaram de acreditar. Que nunca, realmente, esqueceram o que era sentir o sumo de uma fruta tropical trincada, no húmido do beijo do outro. Que nunca esqueceram o toque do véu de seda da noite nos dedos do outro, percorrendo a sua pele, numa vulnerabilidade deliciosa para além do sabor de todos os manjares. Que nunca esqueceram a fragrância da Natureza num alvorecer primaveril, no cheiro a verde e pétalas da pele dela, a madeira e relva, da dele.
Ambos sabiam do gosto a oásis e tâmaras, a água cristalina em sede interminável, que teria o amarem-se novamente, quando seus corpos se entrelaçassem em amor esfomeado e meigo, como Centelha perene de Vida, em pleno deserto.
Ambos gostariam de dizer que sabiam que o outro viria...
Excelsior
45 comentários:
Deixo-te um sorriso... e uma lágrima..
O texto é tão bonito que não tenho palavras para deixar.
Espectacular blog, poderosa escrita, fantásticas palavras, notáveis sentimentos.
(me)Nina Castro, quando escreve assim até o vento se arrepia.
Não sei o que (quem?) te inspirou esta escrita, mas ninguém lhe fica indiferente. Beijo. NJ
texto muito belo.É um privilégio para nós leitores beber as tuas palavras.
Abraço,
David
Não sei a quem se destina o texto, mas sei que é um texto arrebatador, destinado a um paladar apurado, habituado à mais fina iguaria.
Belíssimo texto, no meu entender, um dos mais belos deste blog.
'Cleópatra', José António Barreiros, NJ :), David Ferreira e Rui:
O meu obrigada e o meu sorriso tímido pelas vossas palavras. Este foi um dos textos mais emotivos que escrevi neste blog. Fico feliz por lhe sentirem a 'força' da nudez da essência de mulher...
:)
Ni*
Um dia ele virá. Com certeza.
Beijinhos embrulhados em abraços
perfeito
Que encantamento de escrita.
Quantas palavras o silêncio poderia desvendar!...
Num simples toque, o espelho deu-te o reflexo daquilo que sempre soubeste.
O novelo, feito de linha fina, desfiou-se devagar e compõs, por fim, a tapeçaria mágica que os deuses ditaram...
Cheguei até aqui, perseguindo o seu "rasto" deixado num blog onde humildemente, recordo "histórias de uma terra esquecida".
Terra do Mata e Queima...
Valeu a pena. Lindissimo blog. Bom gosto, paixão, arte de bem "juntar palavras"... Nota-se que vive a vida, sugando cada minuto e saboreando cada segundo. Parbéns. Prometo que voltarei
Ni*, linda, poderosa, emocionante.. você.
Bjs do ZC**
Gostei bastante do texto. Lanço o desafio: como irá ela agir se ele não chegar?
De passagem por aqui, dei comigo a pensar que devia dar um pouco mais de tempo aos amigos.
Ni, o teu blog é uma montra de sensibilidade quer só uma pessoa muiiiiiiito sabedora pode fazer.
É minha sina conter o meu entusiasmo pelos amigos, não vá a malta pensar que a objectividade do meu pensamento é toldada pela amizade.
Hoje quero que se lixe: posso dizer-te, Ni, que além da beleza interior que mostras, és uma Mulher admirável ?
Posso, claro.
Já disse.
Um forte abraço,
Cem
SONHADORA:
Sorrio-te. Fico feliz pela tua certeza. É nas nossas convicções que reside toda a possibilidade.
Somos aquilo em que acreditamos...
Beijinho :)
MANEL (CR):
Comentário forte...
Agradeço-to... porque vindo de um 'mago das palavras' tem um valor muito especial para mim.
Abraço embalado :)
MOURA ENCANTADA:
O que te encanta, moura?
Sorriso.
O encantamento está na emoção... mais do que na escrita.
mas agradeço-te a gentileza. :)
AMARAL.
Querido amigo... o 'espelho'... os seus fragmentos nas memórias de momentos de palavras e silêncios... é uma metáfora de tudo o que nos reflecte. E tens razão... sempre o soubemos. Abraço.
CÉLIO SOARES:
Belíssimo, o vosso blog, onde se tentam preservar memórias de uma terra, de vidas que se cruzaram em certo ponto no tempo.
E se nós somos a nossa memória... é de louvar a vossa partilha.
Abraço.
ZÉ CARLOS:
O meu amigo há mais tempo na net! Amigo que foi o meu webdesigner antes de eu mesma fazer a minha Home Page de poesia... há tantos anos.
Generoso... de carácter irrepreensível... AMIGO. Gosto muito de ti!
Beijinho.
RB:
Tinhas que fazer essa pergunta? :(
...
A resposta talvez esteja em posts antigos...
...ou não.
Talvez aceite o desafio e te (me)surpreenda.
Sorriso.
100 ANOS:
Silencio.(verbo) :)
Li o teu comentário e não lhe consegui responder, sabes? Pensei muito nas tuas palavras.
Acontece-me... quando me tocam nos recantos da essência onde tenho as 'tulipas amarelas'... o meu jardim pessoal.
...
Mas há algo que eu gostaria que soubesses: há atitudes, como a tua, que são o reforço da reconstrução que fazemos de nós mesmos.
Agradeço-te este teu abraço de amizade pura... e que não me surpreende, pelo que já conheço de ti.
E agradeço à vida... ter colocado pessoas assim no meu caminho.... por me mostrarem que uma voz que me reduziu a 'nada' teve apenas o valor de uma voz... calada por tantas vozes amigas.
Sente-te abraçado.
Que a vida te faça sentir em sorrisos o bem que me fizeste.
Nem sempre tenho acesso à net mas, sempre que me ligo, este é, sem dúvida, um "local" de passagem obrigatória para mim. Nunca me arrependi desta "viagem". É sempre um prazer "beber" as tuas palavras. sentir a tua força. Mais uma vez, obrigado Ni por tudo o que és.
Um beijinho
".... por me mostrarem que uma voz que me reduziu a 'nada' teve apenas o valor de uma voz..."
Nalgumas pessoas, tal não é possível.
AB IMO PECTORE
Desejo-te reciprocidade.
Bjinho
Ela gostaria de lhe dizer tanta coisa Ni.
Não encontro a nomeação NI.
Onde anda ela?LOL.
*sorrindo*
... que se construa então... essa ponte para a eternidade... e que queiram ambos dançar descalços sobre a linha do tempo... :)
... porque ele... certamente, também sabia que voltaria... a reencontrá-la...
... hum... doces movimentos intemporais...
Onda Encantada
ONDA:
Quando um sabe... o outro também o sente em cada núcleo de cada célula. Falo de AMOR. Aquele Amor TOTAL, em que nenhum dos dois necessita de um complemento, porque já é inteiro, UNO (no TODO), verdadeiro. E, por isso mesmo, esse encontro, entre Ele e Ela, é tão especial. É um econtro sobre a ponte da eternidade, como comentei no teu blog. Um encontro de passos de LUZ, que se sabem... e que se chamam... e que se cruzam inevitavelmente.
Sabemos também que normalmente se cruzam, se olham, e que há sempre um vento adverso, ainda que ténue, que os afasta, que leva cada um a prosseguir o seu caminho. E, o que eram passos de aproximação, após esse cruzar, transmutam-se (e aqui a alquimia é adversa!) em passos de afastamento.
«Tão cedo passa tudo quanto passa!»
F. Pessoa
Tinha razão, o poeta.
O dançar descalços sobre a linha do tempo, no espaço de cada momento eterno... também passa.
Desculpe-me a hora tardia...Ultimamente não tenho sido muito amigo da minha saúde...
"Por ele... ela ofereceu ao luar a suavidade das palmas das mãos... onde linhas se entrelaçaram em monogramas e momentos de vida a dois. Por isso ela gostaria de lhe dizer que conhecia o vulto dele, que pressentia o seu odor e sabia da doçura quente dos seus dedos na sua pele."
De arrepiar...Quando leio palavras assim, sorrio...sorrio para mim. Em silêncio. E esse silêncio é o silêncio que emerge quando chegamos a uma clareira de admiração e de gratidão. Admiração pela grandiosidade e sensibilidade. E gratidão por saber que o mundo e Universo ganham com palavras desta profundidade. São "vibrações" destas que trazem a luz ao que nos rodeia. No fundo somos um só...Acredito na teoria do caos...e por isso arrisco-me a dizer que estas palavras propagaram-se hoje, para que noutro ponto do planeta coisas boas e entrelaçadas em paz acontecessem.
No fundo a Ni sabe que ele chegará. Porque na intimidade dos nossos pensamentos e da nossa intuição, já sabemos tudo. Só que distraímo-nos com os caprichos do nosso ego.
Chegará e será assim. Único...como este texto e estas palavras serão imortalizadas na pele...como o foram neste "papel"...
Agradeço encontrar almas assim...Almas que sabem o porquê da existência.
Criar...Remember?
***
HYOMA:
«(...)e por isso arrisco-me a dizer que estas palavras propagaram-se hoje, para que noutro ponto do planeta coisas boas e entrelaçadas em paz acontecessem.»
Sorrio.
Todo o pensamento, toda a palavra, todo o gesto... tem um efeito... imediato. Agradeço ter visto no que escrevi esse BEM... desejado e criado para outros seres... (porque o que UM sente propaga-se ao TODO).
«Porque na intimidade dos nossos pensamentos e da nossa intuição, já sabemos tudo.»
É verdade.
Volto a sorrir face ao que vislumbro... face ao que sinto... em relação ao que dizes. É muito bom saber que nos entendem.
«Chegará e será assim. Único...como este texto e estas palavras serão imortalizadas na pele...como o foram neste "papel"...»
MOMENTUM... assim seja, assim se faça, assim já É... para todos/as que desejam a verdade de se 'RE*MEM*BRAREM*... Sorriso.
Obrigada, Hyoma.
Por SERES!
Pronto NI.
Acho que da primeira vez que li o texto resisti ao apelo de escrever, ou escrevinhar, também sobre o tema que aqui nos atiras. Já não recordo.
Mas acho que este post revisitado é uma provocação.
Tudo o que nele está escrito, é tudo o que eu gostaria de ter escrito.
No entanto hoje não resisto... a este teu convite ...provocação quase.
Aí vai:
(Solicita-se censura)
"Ela gostaria de lhe dizer que sabia que um dia ele viria."
Ela gostaria de lhe dizer que no mais fundo da sua alma sabia que ele um dia viria.
Não como o pricipe encantado dos contos de fadas, a tropel num corcel de crina desgrenhada, branca ou negra, robusto como os cavalos árabes, ou um Lusitano puro,...mas com aquele ar de solidão arrancada do passado. Um passado tão distante e marcado a ferro e fogo na alma do presente.
Ela gostaria de lhe dizer que por ele quebrara regras, sonhara infinitos e inventara momentos mágicos apenas ao som de uma Voz.
Ela gostaria de lhe contar que as cerejas se tinham tornado o fruto proibido e não a maçã ....e que não seriam envenenadas porque demasiado perfeitas para que qualquer elemento as modificasse, tal como o sentimento dela por ele.
Ela gostaria de lhe segredar que era por entre os papéis de carta que guardava nos seus segredos, que passava os dedos, os medos, e sonhava com a mão dele na dela... e sentia o tacto, o olfacto, o olhar, a voz, o paladar da pele dele salgada e amarga...
Gostaria de lhe dizer que um dia, ainda que muito longíquo, ela sabia que ele havia de vir, não como D. Sebastião surgido do nevoeiro, mas como o homem da sua vida rompendo a bruma do frio da distância e ficando, sereno e calado, com as mãos dele descansadas nas dela..
Silenciosas e quentes, roubando o gelo das mãos dela.
Ela gostaria...
ACCB
CLEÓPATRA:
Fiquei com a respiração suspensa... até chegar ao fim da leitura.
De uma emoção transbordante... este teu texto traz ecos de partículas de vida... tão sentidas. Emocionaste-me, amiga!
Vou juntar o teu texto ao meu, sim?
Beijinho com muito afecto...
Tão lindo!!!
Não sei o que dizer quando as palavras se calam para deixar o coração ouvir, sentir...sorrir!
É um momento maravilhoso, sublime. Tu sabes como eu me deixo encantar com textos assim...
Um desafio tentador sem dúvida.
Um abraço de alma e coração*
Fanny
Ni, tu não existe.
Porque é que choro tantas vezes aqui?
Ni, desculpa, mas se puder ser muda só a ultima frase para:
Silenciosas e quentes, roubando o gelo das suas mãos .
FANNY:
:)
Olá!!!
Se o desafio é tentador... anda daí! Pelo que sei de ti... entrarás no círculo das palavras que se tornam sagradas pelo afecto e verdade.
Junta-te a nós, Fanny! Coloca a magia dos teus dedos e da tua essência na escrita e... deixa que aconteça.
Ficamos à espera...
Beijinho azul
CLEÓPATRA:
Sente o meu abraço.
Há elos que não se explicam... existem, apenas. Cumplicidades. De almas. De feminino. De... verdade.
Gosto de ti. Muito.
SEQUÊNCIA (que também deixei no anónimo)
Ele gostaria de lhe dizer que sabia que um dia ela viria, mas como tudo não passava de intuição, ficou-se pelos seus silêncios, pelo olhar vago e até um sorriso de desdém, tantas vezes de viés, reflectido no espelho gasto da enorme sala onde passava os seus dias de solidão, a solidão que ia descontando no tempo, envergonhada solidão de fidalgo cansado, a barba rala, os olhos afundados, testa enrugada, um leve tremor dos lábios quando as pombas tontas batiam as asas no peitoril da janela e voavam. Para lá. Os relógios quietos de tanta espera eram mudos, encolhidos, assustados pela tempestade que vinha, sentia-se o cheiro dela, viva, as árvores do pomar inquietas, o céu escuro praticamente ausente, e o fildalgo de olhar de viés, temendo a magia das serpentes que não eram a não ser na imaginação delirante, que se estendia para lá dos vidros convenientemente baços pela usura e pela falta dela. Sentou-se ele, à espera dela. Fumava um cigarro. Bebericava um copo de vinho tinto, sabor intermitente, um copo que sugeria um corpo de mulher, prazer adivinhado, palmas das mãos suaves que ele imaginava no corpo dela, se ela viesse e entrasse, ali, o corpo húmido dos cansaços e do que tinha aquietado os relógios e as pombas e tornado os pomares inquietos e as serpentes que obviamente não eram, estilhaços apenas do que ele via através do espelho da sala grande. Estilhaços de um vulto. De um vulto. Um esboço que, pouco-a-pouco se desenhava, coisa estranha, mescla de várias coisas que enrugavam o rosto esculpido do fidalgo que amava as tempestades através dos vidros baços, e só através deles, porque ele nunca saía, não por causa das serpentes - era o abutre e o milhafre e os fantasmas - e ele adormeceu, sentado na velha poltrona e dormia quando ela entrou, mansa, o corpo firme, o olhar doce, odor de pomar inquieto e ele acordou e recolheu-a num abraço e num beijo, sobretudo num beijo, obra que parecia inacabada. Inacabada. Mesmo quando ele desceu dos lábios cheios, do peito, rasto de saliva, os pés. Ela veio.
MANEL COUTINHO RIBEIRO:
...
Texto pulsante, que nos puxa para a espiral nele contida e nos faz sentir os odores dos pomares inquietos, a magia das serpentes, a reconstituição dos (outrora)estilhaços no peito. Alucinante viagem, esta tua escrita!
E 'Ela veio'... sorrio. Excelente, Manel! EXCELENTE!
Olhos abertos de espanto
A esperança renovada
Há um novo ano que anuncia
Os passos da felicidade na sua chegada
E porque gosto de ti
Companheira de viagem
Que a minha companhia
Não seja uma miragem
E porque tocaste o profeta
Com a delicadeza da tua terna mão
No abrir das minhas portas
Ilumino teu coração
Um mágico 2008
Um beijo da luz
Variantes bem conseguidas...Aqui escreve-se. Até dói!
***
PROFETA:
Profeta, poeta, mago dos planos encantador, das rimas senhor...
Um portal próximo abrirás, brumas e trevas dissiparás
E no fio do tempo renovado, trilho secreto decifrado
A tua imagem, primeira e Una, encontrarás...
Num nome, numa canção, num silêncio, numa entoção...
M~O~M~E~N~T~U~M...
E já tudo É...
Porque tudo é AGORA...
Toque de asa para ti...........^^
HYOMA:
Quando dois ou mais reunirem em nome da escrita... transcendem-se planos, esferas, espaços, tempos. A escrita de emoções é o abraço de LUZ, que nos dá a certeza de que a solidão é uma ilusão.
"A escrita de emoções é o abraço de LUZ, que nos dá a certeza de que a solidão é uma ilusão."
NI
CLEÓPATRA:
É, Cleo... pela palavra SOMOS, juntamos essências, sentires, forças, intenções. Pela palavra CRIAMOS. Pela palavra viajamos... passos de LUZ, ou voos ousados... mas nunca trilhos desperdiçados.
A solidão... é derrotada quando uma palavra é partilhada.
Abraço
Neste blog há sonhos que flutuam enleados pelo mesmo perfume do desejo...
Há tanta beleza nestas palavras... já nem falo das minhas... as tuas, as da Cleo e agora as do Coutinho Ribeiro são uma perfeita junção de almas e letras.
Está divino!! Parece que viajamos nas estrelas e saímos deste mundo.
Um abraço para ti, para a Cleo e para o Coutinho Ribeiro...com muita admiração.
Fanny
Fiquei surpreendido com a palavra certa e texto esteticamente denso e bem trabalhado. Valeu a pena ter passado por aki. Votos de um Bom Ano de 2008 e um convite para visitares o meu condomínio. Inté.
Hyoma- essa expressão :-"Até doi" é tão minha.
Sabes? Quando gosto muito :- Até doi.
Quando é intenso, a escrita, o olhar, a voz, a paisagem em redor, a lembrança...."até doi"
Qdo o amor é muito Até doi.
Olá Fanny.
Escrever a três mãos é um exercício que fazemos há uns tempos. Eu não diria um exercício...é mais um impulso ...
E sabes?
Acho como tu que por vezes as almas e as letras se enleiam... Ultimamente a minha alma tem oferecido alguma resistência! ;)
Bom... e assim algo a medo... ponho à consideração da dona deste espaço tão acolhedor e belo, esta minha já há um tempo adiada tentativa de juntar umas palavras escritas em humildade mas sincera verdade e plenitude, a estes textos tão magistralmente bem construidos... (Foi curioso, porque só usei o teu texto, Ni, para me "guiar"... mas depois passei novamente os olhos pelo da Fanny, e descobri muitos termos comuns... Confesso, não foi propositado... mas é delicioso, sentir o entrelaçado das palavras e dos sentires, na empatia emanada deste fio criado pelo teu primeiro texto...) :)
Tal qual a Cleópatra, qualquer alteração/correcção/"censura" neste texto, será plenamente aceite (e se necessária, até agradecida.) :)
"Ambos gostariam de dizer ao outro..."
Ambos gostariam de dizer ao outro... que sim, sabiam. Para além das lágrimas, para além do vazio, para além da Estrada da Eternidade, eles sabiam... que ambos entrelaçariam suas Linhas de Vida, novamente. Em Espirais de Amor, em florestas e vales, cidades e rios, portos e mares, céus e estrelas, galáxias e infinito. E que o espelho de um, seria o olhar apaixonado, devoto, rendido, do outro. Espelho nunca fragmentado, sempre completo, reflexo puro de toques de veludo em cabelos de meninos, que descobrem pela primeira vez, num riso envergonhado e inocente, o sabor dos lábios daquela pessoa de quem gostam tanto. Pelo outro, mundos e templos erigiram, canções criaram, segredos desvendaram, tudo de si ofertaram, lágrimas beijaram, sussurros abraçaram.
Pelo outro, esqueceram sem esquecer. Olharam de esguelha aquele vulto de nome "esperança", com uma inconfessada ânsia.
Por ela, ele desenhou no Tecido do Cosmos, Teias de Luz, ao recordar-se em pormenor de cada um dos fios de cabelo dela. Por ela, ele acendeu estrelas, invocando da sua memória, o brilho da chama do amor, nos olhos dela. Por ela, ele criou esferas-mãe, aludindo à beleza das contas de um colar de pérolas que outrora, numa noite na aurora do Mundo, ela usara para ele, sobre a pele de seus seios desnudos. E os Sopros de Vida que ele ofertou a cada uma dessas esferas, eram recordações de cada uma das inspirações ofegantes do seu amor concretizado, terno e louco, suave e libertador, inocente e pagão.
Ambos gostariam de dizer ao outro, que nunca deixaram de acreditar. Que nunca, realmente, esqueceram o que era sentir o sumo de uma fruta tropical trincada, no húmido do beijo do outro. Que nunca esqueceram o toque do véu de seda da noite nos dedos do outro, percorrendo a sua pele, numa vulnerabilidade deliciosa para além do sabor de todos os manjares. Que nunca esqueceram a fragrância da Natureza num alvorecer primaveril, no cheiro a verde e pétalas da pele dela, a madeira e relva, da dele.
Ambos sabiam do gosto a oásis e tâmaras, a água cristalina em sede interminável, que teria o amarem-se novamente, quando seus corpos se entrelaçassem em amor esfomeado e meigo, como Centelha perene de Vida, em pleno deserto.
Ambos gostariam de dizer que sabiam que o outro viria...
Excelsior*
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