sexta-feira, janeiro 23, 2009

O QUE RESPONDERIAS?


Não tenhas medo de voltar a acreditar. Tristes são os fins, nunca os inícios. O Amor, não o temas. Ele é espada afiada, mas não contra ti. Pousa a tua mão, devagar, sobre o respirar da noite e sente, no silêncio entre ecos de luas azuis, os nomes que te desenham as memórias: um poema, uma canção, uma cidade, um rio, uma cor, um mês, um abraço. Nomes. Em ti. Como uma rede de veias nas ruas do teu corpo. A vida nunca foi só inverno, lembras-te? Nunca foi só bruma e desamparo. Se bem que chova ainda, não te importes, não tenhas medo. Ousa. É a tempestade que faz ruir os muros. Deixa o teu coração ser solo sagrado para um amor-perfeito. Como um poema açucarado bebido num beijo. Hão-de pedir-to quando chegar o tempo das cerejas. Ou antes. Não tenhas medo de voltar a acreditar... e sopra-me ao ouvido o que responderias se te dissesse 'Eu acredito...', com a certeza dos veleiros que levam os sonhos para o mar.

*

Ni*, in Cartas a um Amor Futuro


quarta-feira, janeiro 21, 2009

PALAVRAS RESPEITADAS...


Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
*
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
*
que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
*
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade
*
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade um vulcão
*
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio
*
(Excertos desordenados, retirados de Oswaldo Montenegro, Metade)





Uma das mais belas odes à vida...

sábado, janeiro 17, 2009

UMA CANÇÃO DE AMOR...



Uma das mais belas canções de AMOR...






VAST - FLAMES


Close your eyes
let me touch you now
let me give you something that is real
close the door
leave your fears behind
let me give you what you're giving me
you are the only thing
that makes me want to live at all
when i am with you
there's no reason to pretend
that when i am with you i feel flames again
just put me inside you
i would never ever leave
just put me inside you
i would never ever leave


...

domingo, janeiro 11, 2009

VIVER TODOS OS DIAS CANSA...




«As pessoas deviam ter mais de uma vida ou, pelo menos, uma que pudesse também voltar atrás se necessário. Para corrigir o que saiu mal à primeira, aprender a saborear as poucas horas boas - tal como uma canção que quanto mais se ouve mais se gosta - e, sobretudo, para poder ir primeiro por um lado e depois por outro e depois, sim, seguir pelo caminho encontrado.»

*

Pedro Paixão, in 'Viver Todos os Dias Cansa'

*

Adorei o livro, e o tipo de escrita do autor.

LAREIRA, LICOR DE CACAU E DIRE STRAITS... OU UM POST EM QUE BRINDO À FELICIDADE DE UM AMIGO.



Estou a escrever envolvida pelo calor da lenha feita fogo, portátil sobre as pernas cruzadas em frente à lareira, a beber lentamente um pouco de licor de cacau - raro, muito raro... este licor e o beber álcool - e a ouvir Dire Straits... Why Worry. Filhos e gata dormem... sorriso. E permito-me este tempo, tão meu e cada vez mais raro, de sentir enquanto escrevo tranquilamente. Hoje preciso.


Uma resposta que o Manel do blog O ANÓNIMO escreveu a um comentário de uma amiga deixado no post mais pequeno que li escrito por ele: «Ofereceram-me hoje uma rosa branca.»... fez-me sorrir, como se sorri quando entendemos que alguém sente algo semelhante ao que sentimos e não verbalizamos, porque acreditamos que nos poderiam interpretar mal... e como nos faz mal quando nos interpretam mal (a repetição é deliberada!).


A amiga sugeria que uma rosa vermelha era o que lhe fazia falta... e dizia-lhe: «(...)Toca a andar por aí, a pensar que alguém te vai oferecer flores (rosas, quiçá ?) vermelhas

O Manel respondeu:
«De J.M. Coutinho Ribeiro a 10 de Janeiro de 2009 às 15:39

Não, ... , não é bem disso que eu preciso. O que preciso é de encontrar alguém que me obrigue a ir à primeira loja de flores comprar rosas vermelhas, não a perder de vista e entregar-lhas :-)»

Fez-me sorrir e fez-me pensar e fez-me dizer baixinho, tão baixinho que as palavras só se ouviram dentro de mim, «Como te entendo!». Mais do que a carência de receber é a vontade de (se) dar. Mas, para se dar, é imperioso algo que com os anos que se somam em nós, roubando-nos a idade da inocência, o acreditar... cada vez é mais raro: sentir. SENTIR! Assim... com maiúsculas, com garra... S*E*N*T*I*R! Um sentir que nos faça ver estrelinhas e poesia em tudo, que desperte em nós a vontade de rir e de dançar na rua, de olhar alguém fixamente nos olhos e esperar que o tempo cristalize, como açúcar, naquele momento. Sentir. Outra vez, como se fosse a primeira vez.
*
Eu acredito que o Manel vai conseguir voltar a sentir assim. Homem inteligentíssimo, com um sentido de humor refinado, tímido (embora não pareça), excelente pessoa. Vai conseguir porque merece. Merece ser feliz. E porque é tempo de o ser!
*
A lareira está a adormecer... apenas algumas brasas-luz da cor das rosas que todos gostaríamos de gostar de receber e de oferecer me dizem boa noite...
*
Ni* (a poucas horas de assistir ao funeral de um amigo. E porque só o que sentimos e fazemos sentir são linhas de tinta musical na história da nossa vida - tão breve - reformulo o meu desejo para este ano: ACREDITAR. Acreditar que será o melhor ano da minha existência, porque já esgotei todos os maus...)


Why Worry - Dire Straits

quinta-feira, janeiro 08, 2009

AMO-TE, LISBOA! (IV)


Mesmo num dia gélido há, em Lisboa, a cor-luz-quente das especiarias, derramada nos telhados, nas curvas das colinas sedutoras onde o sol implora para ficar mais um pouco. Cores-eco da alegria que há em todos os regressos. Como o dos que numa nau conjugavam, há muito tempo atrás, o verbo voltar-à-pátria. E há também, em Lisboa, sombras-hibernações-de-esperas. E sal. Há sal retirado do rio, tão doce, e colocado nos lábios das mulheres que sempre ficavam. Sempre. Sempre é som sagrado, juramento. Sempre é muito tempo. Talvez, por isso, as mulheres de Lisboa têm aves inquietas nos olhos. Talvez. E migram nos sonhos, mas nunca nos afectos, onde voltam sempre. Aquele sempre que é sagrado e juramento. Aquele sempre que é muito tempo. É. Eu sei.

Ni*

~*~
(Para ver as fotografias no tamanho original bastar clicar sobre elas)



















*

(Hoje, mais um amigo partiu. Estava em sofrimento. Palavra que não rima com nenhuma outra. Sofrimento nunca é poesia. Assim se vai esvaziando a minha vida. Sinto-me peça dum puzzle onde já faltam tantas outras-peças-de-afecto... que o desenho de quem sou se vai apagando. E se somos eternos enquanto perduramos na memória de quem nos quer bem... também só existimos enquanto houver alguém com quem rir... alguém que nos leia os brilhos e as cinzas... alguém que saiba cantar o nosso nome.)

quinta-feira, janeiro 01, 2009

...PARA O OUTRO LADO DO ESPELHO


Esta noite... deixa-me ser o embalo fluido, que te leva de ti para o outro lado do espelho. Deixas?

Ni*