quinta-feira, novembro 26, 2009

E SE UM DIA...




E se um dia me encontrares
e eu estiver envolta num véu,
não hesites...
não temas...
não fujas...

...desnuda-me,

e em silêncio
respira o meu olhar,
explora o meu corpo,
desvenda a minha alma,
fica em mim,

ainda que dure apenas o tempo de uma vaga em queda.


Ni*

sábado, novembro 21, 2009

A CAIXINHA DA CONFIANÇA CEGA...

(Post antigo recuperado...)



É perturbador encontrar um amigo íntimo que nos desleixou a amizade. Porque a velha química de novo se põe em marcha e a conversa flui. Como se não passasse do capítulo seguinte num livro feito de muitas noites, bastantes copos, alguns amores e dois homens a céu aberto. Mas não é verdade. O coração abre-se; como ele o caixote das recordações e a caixa dos afectos. Mas a caixinha da confiança cega, no interior de tudo o resto, permanece intransigente. A chave apodreceu, de tanto esperar...


É muito bom o reencontro! Mas se voltarmos a viajar juntos cada um dormirá no seu quarto. E encontrar-nos-emos de manhã, na sala do pequeno-almoço, como os excursionistas japoneses, delicados e munidos das suas máquinas fotográficas. Porque a amizade, quando mostra as garras, furiosa por ter sido desperdiçada, pode revelar-se bem mais severa do que o amor.


(Júlio Machado Vaz)



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JMV é das pessoas que mais gosto. (ponto-final-parágrafo... porque esta é uma afirmação para uma só linha... da vida!)

...


Às vezes, com esta simplicidade desmedida, toca-nos as emoções orvalhadas, que raramente verbalizamos.


Mas por vezes, Júlio, por vezes... a caixinha da confiança cega implora que a abramos... e, nas nossas mãos vazias, refaz-se a chave...


Por vezes, Júlio, por vezes... a saudade agarra-se à pele como uma medusa. Quando pensamos que já não está lá, o ardor escarlate leva-nos à sua presença. E nós, súbditos da memória, insistimos em não aceitar o que já está escolhido. Ninguém esquece só porque lhe apetece, ou porque deveria ser assim.

Há chaves que nunca apodrecem, nunca se perdem.

São essas que nos seguram à vida. Com um sorriso, como quando se chega a um cruzamento de delícias... onde todos os caminhos vão dar ao abraço do reencontro incondicional.
A Amizade, Júlio, a amizade tem asas especiais, capazes de voar para trás.


Ni*

segunda-feira, novembro 16, 2009

ESTÁ ASSIM, A MINHA CIDADE...

Uma cidade belíssima, feminina, de colinas suaves e encantos secretos no abraço molhado... por esta chuva de Novembro: Lisboa.
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Beijos
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Ni*
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Arte: LEONID FREMOV (Vale a pena conhecer a obra!)

sábado, novembro 14, 2009

ESSÊNCIA DE ASA...


«Fernão Capelo Descobriu que o tédio, o medo e a ira são as razões pelas quais a vida é tão breve. E quando conseguiu fazê-las desaparecer da sua mente, teve a certeza de uma vida longa e boa.»

Richard Bach, in Fernão Capelo Gaivota