domingo, maio 20, 2007

PUSESTE FLORES DENTRO DAS HORAS...





«...puseste flores dentro das horas.
E dentro de mim os rios...»


Manuel Alegre, in Coisa Amar (Coisas do Mar)





... recriaste a rota de todas as delícias, de seda e cetim, no meu corpo. Viajámos nas palavras partilhadas, no som das nossas vozes, que se lamberam, em êxtase, no amor tão incontrolável como o sol nascente. Descobrimos o tempo antes de todas as almas. Puro e certo. E fizemo-lo nosso. E tu colocaste flores dentro dessas horas e não temeste beber dos rios que afluíam em mim. E eu sorri. E tu também.

Ni*

UMA NOITE DESTAS




Uma noite destas roubo-te o Tempo
beijo-te as Verdades
navego-te os Silêncios.

Uma noite destas
amo-te.



Ni*

quinta-feira, maio 17, 2007

IMPRESSÕES DIGITAIS DE UM SENTIR


Penso-te no silêncio desta manhã. Quero sentir o tempo. O tempo em que estás. O tempo em que poderei estar. No jardim dos encantados, onde tu e eu nos recriamos. Na minha nudez, onde a palavra é fluida e as tuas mãos sábias. E eu sorrio. Sim, o céu está mais perto.
...
Entre nós sempre haverá poesia.
E é nela que as aves perdidas reencontrarão o seu rumo...

sexta-feira, maio 04, 2007

ANJO... (memoriam)

angelUS:

«... revelou-me que não existe uma diferença irremediável entre o mundo real e o mundo dos sonhos, e que este, ao interferir no plano em que pensamos que tudo está certo e definido para sempre, dá-nos de súbito uma chave que poderemos utilizar para abrir a porta desse quarto onde nos disseram que não entrássemos...

(...) sei que se ririam de mim se lhes dissesse (...) desse anjo(...) rasgando o azul com a linha do fogo que as suas asas desenharam. Sei, desde essa altura, que há uma correspondência entre os mundos superior e inferior, desencadeada por mecanismos que não conseguimos dominar, através dos quais se estabelecem diálogos que vão para lá do tempo e da matéria. Podemos ouvir essas vozes se estivermos atentos às sombras; mas não se trata de nenhuma manifestação do outro mundo, nem de crenças irracionais. Pelo contrário, falamos com esses seres que nos habitam, e nos quais sobrevive um passado de que não temos uma percepção directa, mas que faz parte de nós, formando uma parte daquilo que designamos como ser (...)

(...)

... e a única forma de combater a angústia (...) é reduzirmo-nos ao presente, numa espécie de carpe diem em que temos de aproveitar cada instante como se fosse eterno, e ao mesmo tempo viver cada eternidade que o instante nos oferece(...)»

(...)

Nuno Júdice, in 'O anjo da tempestade'

...

... porque há imagens, sons, palavras, que juntos respondem a todas as perguntas...

Ni*

terça-feira, maio 01, 2007

MOTE ALHEIO...




«Dava tudo para te ver, agora,» (1) quando as gaivotas já adormeceram o rio e as canoas, e a ponte é apenas uma pausa, e todas as partidas ficam suspensas. Sentir-te, sem pudores nem indecisões, no ventre partilhado, indomado. Como se as águas doces te trouxessem, com a vontade febril da maré, para ainda mais fundo, em mim. E, depois, dizer-te que o abraço dançado não se aprende senão no embalo que te leva todos os cansaços. E não se nega, esse abraço. Porque salva. Sim, eu sei que as palavras te atravessam como uma memória líquida, mas conjuga-as no presente... e fica no meu olhar, onde antes estava a minha alma.


...
Ni*


(1) Expressão retirada de um texto do CR, no blog 'O ANÓNIMO'.

VENTO DE LUZ...

(...)
Um vento de luz chamou-me até ao tempo perfeito e eu embriaguei o ar com o teu nome. Beijo a distância, como se fosse a tua boca, e sei que, juntos, dissiparemos a sombra de todas as tormentas.

...

Ni*